Relatos Extemporâneos: Adiantados e Atrasados



sábado, janeiro 19, 2008

XII FESTIVAL INTERNACIONAL DE BENICÀSSIM

O Festival de Benicàssim começa numa quinta, mas você pode chegar ao acampamento desde a segunda-feira. Optei chegar quinta mesmo, e comecei perdendo o trem que saía de Barcelona de manhã cedo [que sordidez esse lance de acordar cedo]. Com passagens esgotadas, atravessei a cidade até Estación Nord pra pegar um busão até Castellón, quase cinco horas de viagem. De Castellón até Benicassim não dá nem meia hora e tinha muita gente fazendo o mesmo. Chegando à cidade-balneário, as informações sobre o festival estão em toda parte, mas meio nada-a-ver se tu nunca foi lá [tipo, não diz o local exato do teu camping, por exemplo]. Bom, não diz por que se pode ficar no que tu quiser dos três disponíveis: FIB [ao lado de onde acontece o fuzuê], Mercat [no meio do caminho entre o fuzuê e a praia], e Bonet [longe pra caralho do fuzuê, mas ao lado da praia]. Fiquei nesse do meio, simplesmente porque era pra onde caminhava o povo. Ao chegar nele dei várias explicações sobre minha condição de IMPRENSA, tudo dispensável, eles só querem saber mesmo é quantas barracas tu vai armar [apenas nos demais dias eles passam a conferir se tu tem o ticket do festival]. Ok, ARMEI A MINHA BARRACA no local mandado, pendurei o estandarte do Colorado num varal, passei um protetor solar e fui ver qual que era. A estrutura do camping é boa, tem um tendão onde vendem comida e bebida [preços normais], banheiros químicos [impraticáveis, minha dica de ouro é usar os que ficam no recinto do festival desde que se chegue cedo], e chuveiros [geral tomava banho de biquíni/sunga, um que outro pelado -- geralmente uma feia/feioso]. Dali até onde rola o festival é uma caminhada de dez minutos, e no primeiro dia ainda fui até o recinto ao lado, onde teria de pegar as credenciais. Detalhe: o cara que me informou o local era cearense. Tinha uma filinha [com alguns blasès de tv da Espanha, acho], mó organização, primeiro o cara batia uma foto, o segundo te dava o crachá, o terceiro colocava a pulseira que dá acesso ao local dos shows e camping, e o quarto uma bolsa com algumas lembranças do festival, tal como camisinha e livreto com todas informações do evento. Ainda tentei pegar os ingressos [eu havia comprado antes de ganhar credencial] pra vender, mas eles só podiam pôr a pulseira, fosse em mim ou em quem eu quisesse [tentei vender levando a pessoa até lá, mas não rolou, os outros cambistas eram punks sujismundos, e isso não dá muita credibilidade. Marchei com uma centena de Euros. A história é mais longa e snif.]

Benicàssim, a cidade, é um paraíso meio estranho. Aquilo é quase um deserto, no sentido literal, de vegetação rasteira, chão batido, abafado, sem vento, e com 40 graus o asfalto ao longe fica com aquela forma de que se mexe. A praia, porém, é sensacional [aquele azul do mediterrâneo prum cara de Canoas é quase o céu]. Típica cidadezinha de veraneio, ruelinhas, pracinhas, fontes, todo mundo na paz. A turistada meio que zoa, ao menos nesse findi, você vê aquela horda de gente na frente dum supermercado comendo sua refeição ali, coisas como sanduíches e frutas [eu inclusive, porque é barato, o problema mesmo é a sujeirama que o povaréu – em geral ingleses – deixa pra trás na frente do super]. Na real, durante o dia você vê horda esparramada por todo o lugar que tenha sombra, é simplesmente impraticável de ficar no camping na hora do sol a pino. Todo o dia, o que rolava era acordar quando o sol batia na barraca [sete horas], ir à praia dar uma refrescada, rangar, dormir em algum canto geladinho, e ir pro festival, ali pelas 6 horas da tarde. Mas a cidade vive 100% do turismo. Se você tem grana, hotel com piscina é que não falta.

Benicàssim, o festival, é disparado o mais afudê. Além da inerência de você sair da praia direto prum monte de shows legais, o clima também é mais EFUSIVO. A estrutura geográfica em si, não é das melhores, o palco principal fica socado lá num canto extremo, ou seja, só há um ponto de chegada e evacuação e isso vira uma zona. Nas três tendas [Fiberfib, Vodafone, e Vueling Pop] a distância é nula e o acesso fácil, porém o próprio forno antes de anoitecer. Uma vantagem é o espaço verde, tem vários locais pra ficar estatelado numa boa, de frente prum telão onde passa os shows, tomando uma ceva. ALIÁS, outra dica de ouro: na quinta, o ponto onde você tem de comprar os vale-comida-bebida ficam com filas enormes, a parada é ou 1) comprar antes na tenda do camping ou 2) comprar depois, nos outros dias nunca tem ninguém, é como se TODOS comprassem 250 mil tickets no primeiro dia pro festival inteiro [o cara na minha frente comprou 85]. Dos festivais que fui, era o de pior estrutura sonora [não comparemos com Brasil, ok?]. Principalmente no Main Stage, o som espalhava um pouco [a favor deles, pelo que manjo de estática, deve ser bem foda fazer coisa melhor naquele local, quase beira-mar], algo que fez [suposição] até com que trocassem Klaxons de ordem e local com o Who Made Who. Acho que é isso aí de first impressions. Com ceva e mulherada de biquíni, os shows são apenas adereço. Alguns que vi estão logo abaixo, tenta ler, se conseguir.

QUINTA-FEIRA
Mando Diao [Escenario Verde]
Excelentes momentos de “a lot of fun”. Esses suecos que fazem rock sem firulas [e por isso mesmo nada super-marcante] sabem demais animar um coreto. Alguma coisa me dizia que se o Mando Diao foi massa daquele jeito, o The Hives seria infernal.

Iggy & The Stooges [Escenario Verde]
A primeira vez a gente nunca esquece. E agora, nem a segunda. Talvez seja repetitivo, mas de fato descrever um show de Iggy e os patetas é meramente ilustrador. Alguma coisa muito diferente [mais que qualquer outro show, diria] é estar ali no meio do povo, num pogo incontrolável a cada “Tv Eye”, ou “1969”, e claro, “I Wanna Be Yr Dog” [ eles continuam tocando duas vezes, uma no "bis"]. Mais diferente ainda é descrever “No Fun” e a HORDA de fãs no palco, ainda mais se você mesmo é um desses fãs. “ABAJO, ABAJO”, gritava Iggy, sem adiantar nada. Algumas coisas, meus filhos queridos, só fazendo.

Bright Eyes [Escenario Verde]
Há tempos que Connor Oberst não é o Bright Eyes, mas Bright Eyes, de verdade, virou uma superbanda gigante. Dos que pude contar [afastado do palco, ainda descansando dos Stooges e todo dia desgastante] havia treze integrantes lá, todos uniformizados em ternos brancos, alguns também de chapéus [brancos]. Uma baita festa armada, acreditem vocês, ou não. Todo o rebuscamento em forma de música pop. E vale a pena.

Deixei pra trás: Los Planetas [banda bem famosa na Espanha, acho], Brazilian Girls, Trash Pussies e People Are Germs. Acho que fiz bem, né? No outro dia tinha que estar ok pros demais shows, mas, sobretudo, pro tiblófi sob o sol do mediterrâneo.

SEXTA-FEIRA
Nouvelle Vague [Fiberfib.com]
Não tenho paciência pra ouvir os discos, mas ao vivo é bem divertido. Embora as duas minas sejam barangas, é legal as versões de “Ever Fallen Love”, “Tainted Love” e outras. Mais legal quando entrou no palco um negão [a formação do NV não é fixa, pelo que entendi], solo, somente ao violão e tascou “Relax”, hino synth-pop do Frankie Goes to Hollywood, numa versão acústica, uma pá de gente GARGALHANDO na platéia, e depois mandou “Sweet Dreams”, reações igualmente atordoadas. Depois ele caiu fora e voltaram as minas pra encerrar com “Love Will Tear Us Apart”. Legalzinho.

Rufus Wainright [Fiberfib.com]
De pano de fundo, uma bandeira estilizada dos EUA, preta no lugar das cores, e com jóias no lugar das estrelas, que segundo a explicação do Rufinho, representam as coisas boas da América, apesar de todas as cacacas feitas pelo país. O show segue apenas pra quem é fã, lerdo, moroso, sonífero, até que o cara sai do palco [com a banda fazendo uma jam NOISE-FOLK magnífica], para voltar, minutos depois. Num hobby de banho, senta ao piano e toca “Hallellujah”, do Leonard Cohen, lindo [ainda que lerdo, moroso, sonífero]. Em seguida Rufus tira o roupão, está de SAIA e MEIA CALÇA, passa BATOM, a banda volta ao palco, sem os instrumentos, mas de smoking e chapéus. E fecharam o show assim, interpretando um som do Rufus [que não sei qual] ao estilo Broadway, no playback mesmo com todos dançando coreograficamente [a atuação da banda é absurdamente HILÁRIA]. Soltou a franga, e era o mínimo que eu esperava.

Antony & The Johnsons [Fiberfib.com]
O gordo, até a terceira música, estava TREMENDO feito vara verde, tinha uns tiques inacreditáveis com a mão [do nervosismo, quero crer] e a voz FALHAVA. Depois, além de tudo isso ele também passou a SUAR muito, feito um leitão. Foi constrangedor, sorte que nunca ouvi os discos, pra saber se aquilo era aquilo mesmo. Teria sido ainda mais.

Who Made Who [Escenario Verde]
Como já expliquei, ali era pra estar os Klaxons. Até as pessoas se ligarem que no palco na real estavam uns caras vestidos de esqueleto [manja as fantasias da gangue que queria pegar o Daniel Larusso?] fazendo uma sub-new-rave eles aproveitaram. Depois, aos poucos tudo foi se esvaziando, a banda seguia fazendo música ruim e caí fora dali.

Kiko Veneno [Vodafone FibClu]
Peguei uma pizza “quatro quesos”, bem boa. Sentei num morrinho, e ao longe fiquei vendo esse show. Um tiozão, no violão, tocando músicas tradicionais, em espanhol. Parecia uma grande piada interna, e o fato é que todos se divertiam. Depois descobri que é um dos ícones do “rock 70’s” lá da Espanha. Parecia mais o Odair José.

Wilco [Escenario Verde]
Esse papo de alt-country já deu o que tinha que dar ao se falar no Wilco. No palco a banda é uma combustão instantânea, mesmo em suas baladas. Jeff Tweedy e Neils Cline são o protótipo perfeito de dupla de guitarristas [em especial Cline, sua coleção formidável de pedais, seu lap-steel fudido, e seus solos gigantes e embasbacantes], e pruma banda “country”, foi a coisa mais rock que já vi. Ninguém que curte música passa incólume a “I Am Trying to Break Your Heart”, e isso não é gosto pessoal, é lei definitiva. Caso tu refute, não curte música. Subjetivo assim.

DINOSAUR JR [Escenario Verde]
Abortei o The Rapture e colei na grade, calor fodido, sem ceva. Duas minas da Dinamarca num momento me perguntam ‘não é Klaxons agora?’. Não, filha, nem vai ser nesse palco, vocês são dinamarquesas ou burras? Não importa. O trio Dinosaur Jr. fez um show brilhante, um show desses que um fã esperava. Abriram com “Almost Ready”, que também abre o disco novo, e desse foram quatro músicas, inclusa “Break to Your Heart”, vocal de Lou Barlow. Aliás, ele tem um carisma-nerd inacreditável. Alguém arremessou um rolo de papel no palco. Barlow jogou de volta. Esse vai-e-vem do rolo durou até o final do show, ele se divertindo muito, não sei se porque ele possivelmente acertava alguém e ninguém o acertava, ou mesmo com a possibilidade daquele rolo bater na cara do J.Mascis. Aliás, ele é um guitar-hero mesmo. Trocou de guitarra uma única vez, não tem frescura, sola como quem destrincha um boi. No set, somente as músicas da fase Mascis-Barlow-Murph, exceção a “Feel The Pain” [pra aguar o zóinho]. “Just Like Heaven”, “The Wagon” e “Freak Scene”, pra fechar. Uma parede de amplificadores Marshall e um soco de distorções sem igual. Top 10. Da vida.

Klaxons [Fiberfib.com]
Como trocou de lugar e horário, acho que deram uma colher de chá aos fãs de Dinosaur [uma chance de irritá-los, provavelmente]. Começou atrasado, fiquei muito, muito, mas bem lá pra trás da tenda mesmo. Quanto terminou, tava lá na frente. Porque é inacreditável a alegria do povaréu, a dança, o pogo, o suador. Todas as músicas do álbum de estréia passadas em xeque, [quase] todas cantadas em uníssono. Uma banda a fim de fazer o show, um público a fim de ver a banda. Banda competente, público satisfeito. Uma das coisas mais alucinantes em Benicàssim. Seria eu, um adolescente?

Devo [Escenario Verde]
A melhor entrada de palco de todas, as melhores coreografias, o melhor figurino, os fãs mais retardados, Devo foi um espetáculo desses sem descrição boa o bastante. “Secret Aged Man”, “Mogoloid” [a “dança do robô” nessa foi gargalhável], “Jocko Homo”. Tudo fechado, é claro, com Mothersbaugh encarnando Booji Boy. Quase gostei do som.

The Presets [Vodafone Fib]; Bluetonic [Vueling PistaPop]; Digitalism [Vodafone]
Uma dupla australiana, um DJ spagnolo di cazzo, uma dupla alemã. Som eletrônico, sirenes, guitarras, caos. Desarmei meu coração e fiquei dançando full time, sem camisa.

Perdi no rebosteio: GusGus, The Rapture [acho que nunca verei], Ok Go, The Horrors, Vitalic e Fangoria. Algo que não é necessariamente “perder”, concordam?

SÁBADO
The Clientele [Fiberfib.com]
No dia mais quente e infernal não tinha lugar e hora mais inapropriado prum show do The Clientele [shoegazersismo fofura pra tomadores de panca]. A violinista/tecladista, é loira, e encanta, hipnotiza, parece de porcelana, declarei-me. Mas às cinco da tarde [escurecia lá pelas dez na Espanha] foi sacanagem. Doeu a cabeça e as bolas.

Dorian [Vofadone Fib]
Electro de locais. Era uma merda, e a banca deles impressionava. Um rapazote levou um cartaz com dizeres das músicas, e numa tenda semivazia o vocalista fingia não ver. Topei com eles noutro dia no local da imprensa. Realmente marrentos. Chupaqui putos.

Astrud [Fiberfib.com]
Também locais, o figurino mais RIPONGO SANDALIESCO que já vi. O som, um híbrido indie com programações. “Todo nos parece uma mierda” foi um dos sons, ovacionados quando anunciaram. Jurei que conhecia uma música deles de algum lugar [vamos aqui ao google, peraí um pouco], rá!, sim, “Something Changed” do Pulp, em versão hispânica. Bom, nem curti.

Os Mutantes [Fiberfib.com]
Era o primeiro show deles na Espanha. Sérgio Dias abusou dum portunhol bastante constrangedor [leia meus lábios Sérgio: BIEN = espanhol, BENE = italiano], em especial na introdução falada de “Cantor de Mambo” [um constrangedor anti-bushismo também]. Mas com a guita ele se divertiu bastante, com punhetas gigantes, e divertiu ao público. Brasileiros de plantão vibravam, Zélia parecia mais feliz que gordo em festa de aniversário, e Arnaldo, bem, vocês sabem [quando a banda entrou no palco, duas tias, bem feiosas, davam risadas quanto ao aspecto abobalhado dele. O rapaz a meu lado tentou explicar o lance da queda e etc.]. De qualquer modo, foi um belo dum show, com “Tecnicolor” em inglês, “Baby”, “Minha Menina”, “Balada do Louco”. Mesmo que tenha sido como foder um cadáver.

Peter, Bjorn & John [Vodafone Fib]
Fui pegar uma bira e um ranguete, e parei ali, bem quando começou aquela do assobio, a mina do Camera Obscura no vocal. O cara nem consegue assobiar direito, aí fode. Imagina se ele tivesse de chupar cana ao mesmo tempo.

Cansei de ser Sexy [Fiberfib.com]
Pelo menos no circuitinho indie, eles realmente são adorados. Uma pá de gente que falei [ingleses, em especial] sempre mencionava “CSS” como uma das bandas que gostaria de ver, e a tenda onde tocaram [a maior delas] estava de fato lotada. Após a terceira música o show teve uma pausa pra troca de energia no festival, que iria desabar [tudo ficou as escuras por minutos, um italiano do meu lado ficou fazendo mil perguntas sobre a fama do CSS no Brasa, coitado, não sabe a metade]. Por um grande insight, assisti tudo colado à grade, um “pogo” geral rolando, gritaria. Lovefoxxx tem uma baita presença de palco, não à toa neguinho gringo gamou. Como de praxe, em algum ponto de “Alcohol” ela foi à grade perguntar a alguém do meu outro lado qual seu drink favorito, e a única coisa que me veio a cabeça foi berrar “te comia, Luiza” [certamente Adriano Cintra, o batera-guitarra-líder-porta-voz-mais-mulher-que-todas-somadas da banda, desaprovaria essa minha atitude tipicamente brasileiro-pobre-constrangedor. Devia ter falado em inglês]. Pra resumir, acreditem no que dizem por aí. Os gringos adoram CSS. O som não me interessa contar e talvez não te interesse saber.

Magic Numbers [Escenario Verde]
Em homenagem a banda, comi dois cachorros-quentes enquanto assistia três músicas, que aliás, pareciam a mesma. É só, obrigado.

!!! [Fiberfib.com]
Ao vivo esses caras atuam como banda, não como o lance eletrônico dos discos. Percussão pesada, baixo idem, guitarrinhas tchaca-tchaca, synths. Quase legal, não fosse o aspecto DANTESCO do vocalista, que desafina como poucas vezes vi, e que apesar de pular gritar balançar o cabelinho encaracolete, tem a presença de palco dum avestruz.

B-52’s [Escenario Verde]
Um show primordial, onde a galera não sabia se pogava ou dançava ou apenas cantava, tudo as mil maravilhas, e Cindy e Katie gordas pra caralho, umas elefantas mesmo. Revival com maior cara de revival entre todos os revival que assisti.

Arctic Monkeys [Escenario Verde]
Fiquei realmente pra trás da multidão, via os piás no palco quase como pulgas. Precisão espantosa no comparativo do que fazem nos discos, todos os hits, inclusive algumas como “Mardy Bum”, “505”, “Still Take You Home” e “When the Sun Goes Down” [agora que já tocaram no Brasil, estou apenas sendo paunocu citando estas músicas]. Pasmem, também houve bastante interação do vocalista com o povo [várias piadinhas na verdade, onde o cara praticamente ria sozinho, mais numa atitude de molecagem-piada-interna do que propriamente fazeção], que cantava todas, e muito alto. Inclusive, se eu não tivesse visto este show em Benicàssim, estaria bem puto agora [porque ali em Curitiba foi aquela coisa bem chocolate mole].

Fisherspooner [Escenario Verde]
Quando acabou os Arctic aconteceu aquela limpa do Main Stage, e cansado, descolei grade e fiquei ali a título de curiosidade. E assim vi um dos shows mais fudidos da vida. Não-Sei-o-Quê Fisher, cabeludo, cantava com microfone de mão, e uma TANGUINHA socada no rego, com algumas dancers o acompanhando. Sei-Lá-o-Quê Spooner mal se via atrás dos lances de apertar botões, e a banda ainda era revestida com baixo, batera e guitarra de verdade. Em algum ponto deixaram um fotógrafo adentrar o palco pra tirar fotos mais de perto, e Fisher, não por menos, tentou cavalgar no sujeito que saiu de fininho. Combinação perfeita de som, dança, espetáculo cênico, bizarrice, PUTARIA HOMOerótica, um mix preocupante, MAS, estamos aqui, sãos e salvos.

Ellen Allien [Fiberfib.com]; Sascha Funke [Vodafone Club]
DJ alemã, gatíssima, com cara de não-lésbica e toca tuts-tuts, mas daqueles bem discoteca-cheia-de-patis-e-playboys mesmo; DJ alemão, bigodudo, cara de lambedor de saco de guri de 12 anos, e toca tuts-tuts, só que minimal, chamam de “nu-house”. Os dois são do mesmo selo, e nas duas apresentações rolou “Forms & Shapes”, música daquelas de fazer joelho ir pra cima e tornozelo pra baixo. Ou a pélvis pra frente e trás.

Não vi nesse dia lindo: Jamie T, Peter Bjorn & John, Albert Hamond Jr., Sondre Lorche, Human League, Ellen Allien, Camera Obscura.

DOMINGO
The Pipettes [Fiberfib.com]
Essas minas são bem gatas mesmo, especialmente a loirinha sem óculos e cabelo curto-picotado de indie [embora eu nem curta muito loiras]. Vestido de bolinhas, coreografias, harmonias vocais, tudo certinho. A banda, só de caras, recria muito bem a sonoridade dos anos 60 também [achei que ao vivo não rolaria tão bem]. Pela galera, tinha até um pai com dois filhos por volta dos 13 anos [e tavam ali só por Pipettes, investiguei]. Encontrei uma delas no show do Go Team, ai que maravilha esse mundo do jornalismo indie [se eu fosse o Lúcio Ribeiro, podia até mentir algo].

Animal Collective [Fiberfib.com]
Nesse show eram só os três dos botões e mini-disc’s. Uma das coisas mais bizarras que assisti, um som de tomador-de-ácido num calor de 40 graus, à tarde, basicamente tocando músicas novas [do agora lançado Strawberry Jam] num set de 50 minutos. Tinham uns fãs alucinados, querendo ouvir as "clássicas", aos quais a “banda” soube ignorar prontamente. Algo tipo “somos nerds pra caralho, isso é música cabeça, não encham o saco e piça”. That’s it.

Calexico [Calexico]
Maior jeito de banda de tiozinho, todo mundo ali é bem velhote. Com o lance tex-mex, ou seja, toda a gama de influência espanhola [mexicana], o pessoal curte eles afú. “Guero Canelo”, “Roka, Danza de La Muerte”, tava tudo ali, com direito a cover de “Alone Again Or” [do Love] pra esbugalhar o palhaço. Divertido as ganhas.

The Hives [Escenario Verde]
Esses filhão fazem essa parada de “yeah! rock n’ roll” valer bem a pena. Assisti do esquema onde fica a imprensa e pude ver de cima o pandemônio criado pelo vocalista. Esse cara é candidato a melhor performer de rock-estádio atual. Pula na galera, leva o microfone a ela, sobe a armação do palco, todas essas coisas “yeah rock n roll” que não se faz mais [não em estádios: aliás, o que virou bandas de estádio? U2? Façam-me rir]. Claro, talvez essa condição seja só num festival como o FIB, de resto devem tocar em lugar de porte médio, onde provável o vocalista deixe a galera até cantar as músicas. Que, por sinal, são muito melhores do que parecem. Não subestimem esses caras. Sério.

Clap Your Hands Say Yeah [Vodafone]
Ao contrário, esse vocalista é o mais blasè de todos. Demora pra caramba a cada música [afinando e essas merdas], mal olha pro povo, altera as músicas, não cantam singles. Algo como se fosse o Bob Dylan sem o ser. Punch Your Nose Scream Fuck Off.

Kings of Leon [Escenario Verde]
Como já tinha visto, fiquei dando um bico só pelo telão. Azar, gostei mesmo dessa nova faceta, menos hippie e mais “indie” da banda. Até eles se deram conta que eram patetas, alterando alguns andamentos das músicas velhas [as novas são excelentes]. De duas semanas atrás [quando vi na Escócia] até o batera fez a barba. Acertei. Ele é horríveoooo.

Patrick Wolf [Vodafone]
Dei algumas chances na vida pra esse cara. Primeiro, num disco, que ouvi em algum ponto e me embrulhou o estômago. Ok. Agora, quatro músicas ao vivo. Vestido com uma espécie de tanga, botas e camiseta luminosa e cabelo como do Arnaldo Antunes só que vermelho, diria que o som dele é o DE MENOS no fator embrulho no estômago.

Black Rebel Motorcycle Club [Escenario Verde]
Depois dumas duas músicas [iguais ao do set no T in the Park], Robert Been disse que sua voz tava fudida e que tavam fazendo o show no peito e na raça. Legal da parte dele, fui procurar alguém que tivesse inteiro. [HE HE HE]

The Go! Team [Vodafone]
Na real tinha uma concomitância de horário e queria muito ver The Go Team. O show atrasou muito, meia hora ou mais, acho que foi o pior delay em todo processo europeu. Compensado pelo que se viu, um Top 5 do FIB, certo. ALEGRIA é o que serve pra adjetivar o que se vê no palco. A negrona do vocal [micro-saia puta-africana-esque] manda muito bem, cantando, dançando e animando a galera [até ensinou o refrão-coreografado na então inédita “Do It Alright” ]. A japa que toca vários lances é uma ESQUISITA, mas parece estriquinada no pó de animada. A japa batera é um xuxuzinho de levar pra casa. O guitarra, mentor da coisa, na última música, fez aquela cara de que ia stagedivear na galera, e “não acredito que esse filho da puta vai se atirar”, e veio, em cima DE MIM, tipo o gorducho na Escola do Rock, a galera segurou na raça, e depois de pé cumprimentava geral. Dancei afú, suei feito um porco. Recomendo muito.

Muse [Escenario Verde]
Com o delay anterior, cheguei com o show no início e foi o que vi mais longe. Os malditos Muse de fato são uma arena-band na Europa. Acho que 75% das pessoas do festival estavam concentradas ali naquela hora do show, tudo isso pra ver iluminação, efeitos, e todo aquele lance KISS com estética indie. E o Steve Belamy e toda aquela pose de guitarrista-punheteiro-de-metal com estética indie. Não me entendam mal, curto a banda, mas aquela sofreguidão-operística é demais fake pra mim. Sem contar que acho uma várzea banda que esconde músico de apoio no escurão. Whatever. Toda vez que falo que vi, uma adolescente-indie brilha o zóio.

Datarock [Vodafone]
Vestidos de Tenembauns com aquele calor é ato de heroísmo. Soma a isso, que o som que faz o Datarock é realmente muito divertido de dançar bêbado, tá feito o carreto. Naquela altura ganharam minha aprovação. (Y)

Daí pra frente rolou uma pá de DJ’s e me concentrei na pegação. Acho que, oficialmente, o barulho de alguma apresentação acabou pelas oito da matina de segunda.
Passei a bola nesse dia: Amy Winehouse, Cassius, Armand Van Helden, Unkle.

Ainda fiquei no acampamento segunda-feira, pois consegui passagem pra Madrid só pra terça-feira. Comprei alguns lembretes, e enfrentei um PUTA temporal de manhã [barraca boa até].


PODE FICAR FELIZ PORQUE ACABOU!

postado por: mim 7:03 PM




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