Relatos Extemporâneos: Adiantados e Atrasados



quarta-feira, junho 10, 2009

GREAT DJ

O melhor bloquinho de abertura que já fiz em todos os tempos:

Jimi Hendrix - Castle Made of Sand
Curtis Mayfield - Get Down
Beyond the Wizard's Sleeve - Bubble Burst
RJD2 - 1974
Beastie Boys - Electrical Storm
Jupiter Maça - Base Primitiva Revisitada
Tonho Croco - Teto Solar

Rá, foda mesmo.

....

postado por: mim 9:33 AM



quarta-feira, dezembro 17, 2008

EMPTINESS

The mind is an empty box within an empty box.

postado por: mim 11:16 AM



terça-feira, outubro 07, 2008

ATO FALHO

I feel disconnected like I don't know where I am
Things will be OK they say, but they don't understand
The wait of every word that must mean everything
Don't mean anything, put me down again
I think and think ‘til I feel fried and hope it goes away
They don't listen unless it's special secrets first to say
No one knows, no one cares and no one knows the way
Unless of course you fall in love and everything is gray
Everything is gray
I want something, something very true
Something worth my while, something special to do
Every word, people push for love
People push and shove, people far above
You are my dream love
Peoples' narrow stories killing love

Googleie, e entenderás.

postado por: mim 12:57 AM



quinta-feira, julho 03, 2008

HAI KAI

Tatuei no meu braço o teu nome. É o único lugar onde me lembro de ti.

postado por: mim 9:50 PM



sexta-feira, abril 11, 2008

LOS BOLUDOS DE LA MOTOCICLETA

04.04.08 Buenos Aires

Com o show marcado para as dez, cheguei a La Trastienda por volta das oito, dei uma verificada no terreno e saí para conhecer o bairro de San Telmo, conhecido por sua extensa orla de bares, pubs, discos e botecos. Bebi as primeiras cevas portenhas, comi alguma coisinha e voltei pro clube por volta das nove. Ali já se formava uma filinha. Resgatei meu ingresso comprado via internet e tava pronto. A casa abriu pouco depois, é um lugar agradável, pequeno-mas-não-minúsculo, que cabe umas mil pessoas se tanto. Seis pesos uma lata de ceva (R$ 4,20), e isso prum lugar fechado foi até “barato”. O indie argentino é metrossexual extremo, mas as chicas são formidáveis (uma mina veio em minha direção perguntar se eu era Mathias, o que me levou a dois pensamentos. a] o de que infelizmente não e b] como raios alguém ainda marca um encontro as escuras?).

Começou as dez e cinco o show. Escuridão, introdução sonora, e o tradicional CAVEIRÃO como pano de fundo. Tascaram “Love Burns” de cara e aos cinco minutos de jogo ele tava ganho. Fiquei na frente de Peter Hayes, coisa de dois metros ou menos. Estava de cabelo todo pra trás com gel, um costeletão gigante, uma espécie de Elvis chapado de crack. Colete e botas de cowboy, e uma micro-tatuagem dessas de inscrição chinesa num dos dedos (não em cima, mas do lado do dedo). Também não tem aquele dente ao lado dos dois principais e nem o siso, ou seja, o cara é um maldito desdentado. Mas toca muito, pra caralho mesmo. Eram cinco guitarras no case e mais dois violões. Dois pedais, um deles com inacreditáveis QUINZE botões. Do outro lado, Robert Levon Been faz o estilo blasé-conquistador, sempre encarando alguma. Estava igualmente de bota cowboy, mas com casaco de couro (que mais tarde tirou, ficando só com camisa mamãe-tô-forte), seus olhos são azuis. Mais performer, ele foi até a galera, esmerilhou o baixo em posição fetal, e mais. Nick Jago, o batera, é uma CRIANÇA, parece que acabou de sair duma festinha indie paulistana. Outfit colete, colarzinho hippie e cabelinho emo-kid. Também toca muito, a jam final em “Heart and Soul” (com basicamente ele conduzindo os andamentos) foi uma das coisas mais ROCKENROLL que já vi na vida. Entre essas duas músicas eles tocaram outras vinte e duas, seis durante o bis, num show de 02h10min. Bis tocado porque ao saírem do palco os argentinos gritaram e cantaram “Ole Ole Black Rrrebel Black Rrrebel” por cinco minutos a fio. Quase tudo sai a perfeição na execução das músicas, especialmente as do primeiro, que tinham gravações um tanto pau-mole e no show saem um colosso. A introdução de baixo de “Spread Your Love” estremeceu tudo, a distorção descomunal de “Awake”, o modo magistral como Petey toca violão elétrico e gaita em “Ain’t That Easy Way”. A dupla da frente trocou de posição pela primeira vez em “American X”, onde Robert canta e toca guitarra (uma Gibson Les Paul linda, aliás) e que costuma fechar os shows. A dois metros de mim, também subiu no conceito, por sua total imersão a música. Como fechamento dum capítulo, depois seguiu espaço prum set acústico do Howl, com “Fault Line”, “Restless Sinner” (Petey tocou as duas sozinho) e “Mercy”, apaixonante, com Bob novamente na posição bem a minha frente. O clima mais intimista fechou numa versão bluesy de “666 Conducer” (bem diferente da original), pra a partir daí sentarem o pé e quebrarem geral, fechando com “Punk Song” e La Trastienda abaixo. Até ali já era um dos dez shows mais fodas que presenciei. E ainda rolou o bis. Destaque pra “All You Do is Talk” (segunda mais bonita deles), onde aquele arranjo da introdução Petey faz com um arco de violino, sublime, de chorar no canto. Como disse, fecharam com “Heart and Soul”, uma demência de rock moderno sem rótulozinho frau. Completamente empapado, a viagem tava paga. Peguei uma ceva. Só faltou alguém ali.

PÓS 1: Do lado de for a, fiquei bebendo en La Trastienda (que também é pub), e coisa de uma hora depois os caras saíram. Bateram papo, tiraram foto, tutti buona genti. Robert me viu sentado e disse que meu cabelo era muito style. Respondi que eu tinha me baseado justamente no corte dele. No que ele falou “no way, teu tá muito melhor”. Também babou por minha camiseta do MBV. Tudo bem, é mentira. Falei com ele, mas o papo foi outro (exceto quanto à parte da camisa). Quem merece saber, já sabe.

PÓS 2: O cara que me cedeu as fotos do show foi também ao Quilmes Rock, festival em que tocaram domingo no estádio do River Plate. Disse que foi (bem) mais morno. Acredito. O que vi na tenda do T in the Park foi bem melhor que MainStage em Benicàssim.

PÓS 3: Nesse dia, sintonizei uma rádio argentina pra ver qual era, uma que coincidentemente transmitia o Quilmes. Nicky dava entrevista, e perguntado sobre a diferença entre os dois shows, ele foi tácito: o show em La Trastienda foi o melhor da sua vida. Ele falava em espanhol ótimo, sua mãe é peruana (Jago, só podia). Acredito. No show, ele estava enlouquecido, na volta do bis veio pro povo, fazia aquele sinal de atirando, distribuía baquetas. Piradaço. Deve ter retomado alguns dos seus bad-habits.


SETLIST:
Love Burns
Berlin
Shuffle Your Feet
Stop
Ain't No Easy Way
Weapon Of Choice
In Like The Rose
Red Eyes And Tears
Awake
American X
Fault Line
Restless Sinner
Mercy
666 Conducer
Spread Yor Love
Need Some Air
Six Barrel Shotgun
Whatever Happened to my Rock 'n Roll?

BIS:
Took Out A Loan
All You Do Is Talk
Rifles
Steal A Ride
Salvation
Heart + Soul

postado por: mim 2:10 AM



sábado, março 29, 2008

YANKEES SUCK

Foi tudo muito bizarro no show do Shellac. Na verdade, o Shellac tocar no Garagem Hermética já seria a própria definição de bizarro no dicionário. Numa sexta-feira, mais ainda. Com não mais que 80 pessoas assistindo, bizarrão. Com a POLIÇA invadindo o lugar no meio do show pra dar um atraque coletivo, aí já passou dos limites do bizarro. A banda para, e a polícia revista. Lindo.

Steve Albini tava com sua calça jeans rasgada nos dois joelhos, camiseta com a frase Yankees Suck [o magrão é um puta fã de baseball e os Yankees é tipo o Curíntias, amado e odiado], usa a guitarra presa pela CINTURA como se fosse uma POCHETE, e pra limpar seu óculos de professor de física usa uma BANDANA presa na calça. Guitarra manufaturada, o timbre que o cara tira é fodidaço de bom, único, quase inimitável, e isso é assim mesmo. Ah, sem pedais, brou.

Bob Weston é MEIO gordo e de um cinismo notado sem nem que abra a boca. O mais falante, a cada pausa pra Albini acertar seu preciosismo com amplificadores, usava a tática de conversar, sugerindo as pessoas fazer perguntas, "Any questions?", no que alguém gritava o nome dum som e ele corrigia "No requests, questions!", e numa ou outra pergunta feita ele realmente respondia. Quando la polizia caiu fora envergou seus dois dedos do meio num lance meio "yeah tenho 13 anos, sô mau e mando os porco se fuder".

Todd Trainer é quase um VAMPIRO, como bem disse Diego. Magreza, MULLET seboso, CANINOS. Bem simpático, agradecia tudo e falava com o pessoal, sem microfone mesmo.

A disposição da banda é uniforme, o baterista no meio [não atrás, mas no meio]. Albini não canta com tanta fúria músicas como "Prayer to God", "Squirrel Song" e "Watch Song", mas toca pra caralho. As melhores foram "A Minute" e "My Black Ass", É CLARO. Som bom e com a banda tocando a menos de um metro, nada menos que EXCELENTE pode ser meu adjetivo pro show.

Terminou, sem concessão, nada de bis. Cada um coloca seu instrumento no case, pega suas bolsas e ficam por ali, conversando com a galera [tinham poucos adolescentes pelo valor do ingresso, mas os que tinham obviamente maravilhados com o produtor do Nirvana ali, real e simplório].

postado por: mim 2:55 PM



sábado, janeiro 19, 2008

T IN THE PARK 2007

Saí de POA numa quinta-feira, 4 da tarde, com conexão em Buenos Aires, e chegada a Madrid na sexta-feira, em torno das duas da tarde [local]. Mofei no aeroporto até o vôo para Londres à noite, e num erro estratégico [esqueci o endereço do hotel], fiquei no aeroporto de Luton durante a madrugada, até finalmente pegar o último vôo, à Glasgow, aonde cheguei sábado, 10 da manhã. Ou seja, quase dois dias e quatro vôos depois cheguei ao Euro Hostel, na esquina da Jamaica Street com a Clyde St., bem no centro. Porém, num bizarro horário de check-in às 3 da tarde, qualquer contato com banho, descanso e soninho não seriam [e não foram] possíveis, já que os festivais no Reino Unido começam cedo, muito. Um zumbi terceiro-mundista penetrava na terra da rainha. Quer dizer, mais ou menos. Porque o escocês não é bem britânico. Eles cospem todas as palavras, e quando tu só entende o inglês ali de Canoas isso é meio que problema. Perguntei como chegar ao T in the Park pra atendente do hostel, gatinha, que fez cara de ‘ai, que brasileiro burro’ e disse no término duma frase indefinível um ‘SOLD OUT’ [bem, cuspiu]. “Eu sei que é sold out, mas tenho press acreditation, FILHA”, respondi. Além da cara de antes, agora ela parecia querer meu fígado, mas cravando a caneta no mapa, apontou onde estávamos e onde se pegava o busão. Analisei a técnica, não parecia longe. Acertei. Nada é, em Glasgow. Guardei a bagagem no “left luggage” do lugar e caí fora. Dez minutos a pé subindo a Union Street, barbadinha. Da Buchanan Bus Station até Balado, o lugar-fazenda onde rola o festival, a viagem custa 22 libras e leva uma hora e meia, em ônibus comunzão, de dois andares. Porém, tive a impressão que levou minutos, capotei em algum ombro indie. Quando acordei, um careca [exceto sua nuca, onde deixou desenhado um T com o cabelo] esmurrava o vidro de proteção onde fica o motorista gritando blasfêmias [o que já me fez entender o porque do vidro]. O cara era um troglo, não brigaria com ele, confesso. A questão é que não entendi isso [ACHO que ficou pra trás numa parada pro mijo], e nem porque as pessoas, muitas delas, usavam galochas. Clima cinzento, chuvisco [acreditem no que dizem na TV, o clima britânico é um cocô], e...BARRO. Rodopiou na minha cabeça um OH OH, de quem estava nos trinques pra passar na imigração. Tudo bem, com dois dias sem banho aquele era o lugar ideal pra mim. O lugar era só barral. Ao longe, tu só vê mato e mato. O “campsite” é um lugar encravado no meio do nada. Um nada gigante. Cheio de mato e lama. Quase vinte minutos andando até o portão de acesso a imprensa, o Y13. Leandro Vignoli, Brasil. Uma troca carinhosa de mimos com as secretárias da assessoria de imprensa [todo esse pessoal nos acham simpáticos], e no pulso, uma ‘wristband’ de media para acesso as arenas, outra de hospitality club para bordejar pelo terreno dos vip’s, e mais um cartão-passe pra área onde ficam, nós, IMPRENSA. Ráááá. Estávamos dentro. Deixou passar, agora agüenta, pensei.

Com o tênis total enlameado, bordejei pelo tal clube da hospitalidade. Várias pintas em seus computadores pessoais, tecnologia de ponta. Levei só uma máquina digital vagabunda recém comprada, e que, aliás, não soube usar direito por muito tempo. Tempo que compreende todo o T in the Park [desculpe, apertar botões não é a minha]. O bom dali mesmo eram os PETISCOS. Comi uns 50 salgadinhos, de todo tipo, nem sabia o que era só sei que comia. Alguma ceva quente a disposição também, mas decidi ficar na técnica. Caí fora embuchado e o campsite, como se percebia, é gigantesco. Um total de dois palcos ao ar livre e mais cinco tendas. Os palcos são, anote: Main Stage, pros artistas bombados nos charts; Radio 1/ NME, um lugar tão longe pra caralho de tudo que deve ser por isso que lá tocam as bandas que só indies-adolescentes curtem. Tendas são um lance de mais classe, onde valia mais a pena zuretear. Duas diagonais de fácil acesso, a Pet Sounds [porque Brian Wilson tocaria lá] e King Tut’s [hipertradicional deles, é o nome dum clube de Glasgow]. Mais ao longe a Slam Tent, pras bucetadas eletrônicas, a Scottish Water Future, para bandas novas que já se ouviu falar, e enfim a T-Break, onde só as namoradas e vizinhos das bandas viam os shows [bem, o Snow Patrol tocou lá em 97, na sua 1ª vez]. Todos com horários cronometrados a perfeição, e um som perfeito, algo incomum em festivais brasileiros. Mas no fim, todo esse lance de mais de cem bandas é pura lenda, pois é impossível ver nem um terço delas [aritmética, faz aí]. Não porque é inviável correr de lá pra cá o tempo todo. Não. É porque são no mesmo horário meeeesmo. Exemplo: domingo ou você via Snow Patrol [seu noveleiro] OU Kasabian [seu indie] OU Qotsa [seu metalêro] OU Sunshine Underground [seu cabaço] OU Damien Rice [seu bichinha]. E isso é apenas o exemplo do que fechava o festival, mas acontecia full time. Dizem que a vida é feita de escolhas, e cabe a você ser esperto pra casar com alguma mina linda e rica, não feia e pobre. Basicamente o que rola num festival como o T in The Park é isso, se é que entendem.

Esse ano foi a primeira edição dele com três dias de shows, embora na sexta-feira fosse de exclusividade pro pessoal acampado. Atualmente o festival possui o status de o principal do verão britânico, ultrapassando o tradicional Glastonbury, com ingressos esgotados um ano antes [uma leva vendida costuma acabar em minutos]. Cheguei lá no começo da tarde de sábado, com a patifaria já começada. Sem beber, só “na técnica”, resolvi analisar o contexto surreal que se formava, algo parecido com um sonho, não o de estar num festival indie gringo, mas um sonho mesmo, como se a qualquer momento eu fosse cair de cara no lodo até ser acordado noutro dia, talvez vomitado e mijado. Porque todo tipo de escória aparece num evento desses. Como idéia, naquele fim de semana, o T in The Park se torna a sexta “cidade” mais populosa da Escócia, com 80 mil pessoas. Muito, mas muito turista europeu, com italianos, espanhóis e escandinavos dominando [e turista é uma raça filhadaputa, sempre em bando, sem qualquer medida]. Ao mesmo tempo, e paradoxal, você vislumbra muitas famílias no local [pai, mãe, filho adolescente e crianças, porque o lance é mesmo um parque estilizado, com rodas-gigantes e outras formas de diversão do tipo]. Aquelas botas de borracha, costume pelo clima podre, virou moda e tem de várias cores e estilos. Outra freqüência são bandeiras agitadas de seu respectivo país, as das micro regiões escocesas em vantagem [o que não faz a segregação colonial perante um arquétipo de superpotência unida ein?]. Mas o costume mais idiota disparado é o de lançar pro alto e frente a cerveja daqueles copos de um litro [com o copo]. Também, os caras tomam aquela naba quente, desperdiçar ceva deve ser só a desculpa pra se livrar logo daquilo. Outro costume latente é o de não prestar atenção nos shows, talvez só eu mesmo me preocupasse com isso. Resultou no que vem a seguir. Escreverei na ordem em que vi os shows, inteiro ou mais da metade [e esse mais da metade pode ser por opção minha ou porque o horário fudeu geral]. Sem conhecer direito o território, a lógica do festival, e num jet lag terrível, parei no primeiro que vi. Depois mais ou menos escolhi o que me interessava. Mais ou menos, eu disse.

SÁBADO
Little Man Tate [Radio 1/Nme]
Os gurizão regurgitam ali aquele lance de garagem cheio de sotaque dos Libertines, não tocam porra nenhuma e agitam a galera. Aliás, tava escrito na batera o nome da banda. Apenas por isso pude vir aqui e dizer que vi um show do “Little Man Tate”.

James Morrison [Main Stage]
Tava caminhando e parei pra ver o show do James Blunt [demorei pra entender que não se pode parar e ver qualquer bosta]. E ainda percebi que não era o James Blunt. Ops.

Albert Hammond Jr. [Pet Sounds Arena]
O primeiro show que assisti por vontade, após consultar a programação. Abriram com “In Transit”, uma pérola de canção e todos os caras da banda, como Albert, usam cachopa e tocam muito bem. Mas o público na tenda era mediano e conheciam meramente “Back to 101”, num show que é redondaço e bem massa. No fim, há uma coisa muito louca nessa história do Strokes já ter três discos e tu chegar a conclusão que na real eles fazem boa música. Apenas uma divagação afora o show do cara, que não deixa de ser a extensão de tudo isso. Música boa, legal, mas nada genial. Pra mim tá ok.

Black Rebel Motorcycle Club [King Tut’s Wah Wah]
Um Top 3 fácil do T in the Park. Guitarras saturadas, baixo saturado, bateria um canhão, uma maravilha de Jesus & MC moderno. Cravam várias do novo, como “Berlin” e “Weapon of Choice” [puta hitzão hein], e esbravejam “Whatever Happened to My Rock N Roll” [eles e a galera], fácil um dos grandes hits “INDIE” desse século. Pelo Howl, passam de soslaio apenas em “Ain’t That Easy Way” e é também um momento magnânimo. Mas o grande case é o rockão. Quando Hayes assume o baixo e por óbvio Robert Been vai pra guita, na segunda metade do show, uma hecatombe forma-se entre as pessoas. Poderia usar a palavra CATARSE para irritar alguns. Dali saem “Love Burns”, “Spread Yr Love”, “Lie on Your Dreams” e fecham com dez minutos de “American X”. E o crânio partido no pano de fundo faz todo o sentido.

Dizzie Rascal [Slam Tent]
Tenda lotada de branquelo vestido a rapper. E esse cara, Rascal, é um baita entertainer. Notadamente meio ANALFA, domina a platéia que tá ali pra ser dominada. Etc.

Arcade Fire [Main Stage]
O show em si é ótimo. As músicas novas ao vivo, também, soam ótimas [a sensação barrigal de ver e ouvir no talo “Intervention” seguida de “Wake Up” é única]. Abrir o show com “Rebellion” é também uma garantia de público na mão. SÓ QUE, as coisas meio que se perderam com o Arcade Fire sendo grandão. Eles não são uma banda de estádio [ou palcão ao ar livre], a massa fica meio dispersa, o clima não fluiu muito ok [aquele monte de instrumento de cunho não-amplificado acaba soando bem baixinho]. De repente seja uma especulação segregacionista, preferir teatros, velas, igrejas. Ou não.

Blood Brothers [Scottish Water Future]
Conhecem Blood Brothers? Pós-hardcore barulheira com dois vocais berrando full time. Pois então, eles são a banda mais homossexual do planeta. Uma ênfase aqui. OS CARAS SÃO OS MAIS BAITOLA DO MUNDO. O vocal n° 1 chega a dizer ‘thank u’ com voz afeminada, e fazer gestinho afeminado, e ‘oh my god ui ui’. E ele nem é o MAIS bicha da banda. Porém, o show é infernal, berreiro sem igual, HC quebrado de prima [como um Fugazi menos-sério]. “Set Fire to the Face on Fire”, ao vivo, é como pagar pra ver um porco sendo carneado [horrível, mas que não se consegue tirar o olho]. Umas 100 pessoas viram o show com a concorrência de Jamie T [o herói inglês atual], e Amy Winehouse [que nunca ouvi nada]. Melhor pra mim. Pela MÚSICA, ok?

Razorlight [Main Stage]
Tudo bem que fama e sucesso nem tem a ver com qualidade. Ás vezes rola, etc. Mas o Razorlight é um EPÍSTOMO do não-merecimento. Chinfrim por demais, a banda se esconde atrás do vocalista, que é um prego. Garoto inglês rico de olho azul e dente torto que jamais pegou sequer uma vassoura na mão [e se o cara não consegue varrer o quarto como poderia ser um rock star?]. Estar ali no Main Stage não é um erro factual. Todos parecem gostar daquela bosta-yuppie-mais-vendido-na-Saraiva, a euforia era incrível e minha desilusão com o mundo idem. Resolvi comer fritas com três NACOS de galinha também frita. Poderia então dar a desculpa que vomitei não por culpa do Razorlight.

Hot Chip [Slam Tent]
Cheguei lá e tava tudo atrasadaço. Os cinco manos nerds se posicionam ali na frente dos treco de apertar botão e pronto. Tá feita a FESTA. Os caras mixam uma atrás da outra, em geral as do segundo disco. Todo mundo dança, a mulherada dança, a gayzada, os playbas, o cara com a camiseta do Celtic, a italiana più bella del T. Esses shows de neguinho apertando botão só sendo muito burro pra não enlouquecer a massa [e eles, que até tocam uma guitarrinha e MARIMBAS, enlouquecem mais]. Festival na reba, todo mundo louco, e os Hot Chip sendo fudido na lança, deusulivre que dez minutos de “Over and Over” não fosse pegar ninguém. Mudava meu nome para Maurício Renner.

Brian Wilson [Pet Sounds Arena]
Depois do PROBLEMINA ali no Hot Chip, cheguei em delay no véio que tava determinado a ver [e que me faz mandar o Killers – e a italiana – pra puta que os pariu]. Tenda cheiaça, vi bem de longe. O que perdi foda-se, sei que vi na seqüência “God Only Knows”, “Sloop John B” e “Wouldn’t Be Nice” e confesso ter tido PÍNCAROS de emoção, EMBARGOS na goela, BOLOLÓS no estômago. Depois, ou antes, rolou “Surfin USA”, “I Can Hear Music”, “Caroline, No” e vários outros momentos que o sujeito não esquece nunca, mesmo que o grande autor daquilo e o pseudo-intérprete daquilo tenha virado um velho autista. Tô nem aí. Talvez eu fique velho também.

Ainda dizem que vi no sábado: Sierra Leone’s Refugee All Stars, James, The Long Blondes, Rufus Wainright

No sábado, portanto, não vi: The Killers, Thrills, CSS, Babyshambles, Amy Winehouse, My Chemical Romance, Kooks, Jamie T, Klaxons, The View, Cold War Kids, Bright Eyes, Miss Kittin, New Young Pony Club, DJ Shadow, Hours. Percebam como mais NÃO se vê do que se vê os shows. A evacuação foi bem rápida. Peguei o ônibus de volta a Glasgow [são milhares deles] e pouco mais da meia-noite chegamos ao centrão. Só queria saber de capotar. Acordei no outro dia com um negão me intimando porque eu tinha dormido na cama destinada a ele no quarto. Pro bem de todos [principalmente o dele, afinal, sou de Canoas] troquei de quarto pros demais dias.

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Dormi. Tomei banho. Ranguei. Fiz um novo check-in, desta vez com um magrão, tão enjoadinho quanto a mina do dia anterior, e larguei até a Bus Station. Não tinha chovido [ainda] no dia, e ao chegar lá o campsite dava sinais de menos lama. A grama só estafa fofa, como se tu pisasse no feno [vão até a fazenda do tio de vocês pra saber como é]. Cheguei pouco mais cedo no horror, comecei a beber finalmente [parabéns Grã-Bretanha, agora sei que gosto tem o mijo], degustei os salgadinhos da press area, até sociabilizei com meus caros colegas jornalistas do mundo. A escória estava, deveras, potencializada [com três dias acampado no barral e tomando xixi, até que entendo]. Minha primeira escolha foi péssima mais uma vez. Vamos transformar num lema. “Começamos sempre no pior pra chegarmos no melhor”. QUEM SABE.


DOMINGUEIRA
Union Of Knives [King Tut’s Wah Wah]
A new rave faz uns filhotes horrendos. Eles põem um mano no teclado pra fazer barulho às vezes, outro no baixo repetindo um groove [pffff], e um baterista tocando sobre bate-estacas eletrônicas [ou o contrário, vá saber]. Aí completam com um vocalista de cabelo esquisito sempre enrolando até o refrão. Ah, pára velhinho. Vão ser caixa de banco.

Avril Lavigne [Main Stage]
Parei pra olhar, sim. De repente fosse engraçado, fosse uma MATÉRIA. Nada disso. Bem na real é que embora tenha esse mito de “festival indie gringo”, uma enorme galera que vai ao T in the Park freqüenta só o Main Stage, aquilo que tá nos charts. Ou seja, Avril Lavigne tinha seu público lá, cantando e sorrindo. Coisa sem graça.

Hold Steady [ Pet Sounds Arena]
Os caras têm cronometrados trinta minutos para tocar, e atrasam vinte. Implicação sem choro, nem vela: tocaram só dez minutos. Então rolou um mini-set acústico, só com baixo [acústico], uma bateria só de prato e toque, e um gaiteiro bigodudo e de boina. Mais o vocalista, um velho, com cara de professor de biologia de cursinho. Resultado: minimalismo mongolóide, que duas dúzias de fãs ardorosos assistiram. Maldade pura: são um Kings of Leon piorado. Mais maldade ainda: o Kings of Leon dos tempos ruins.

Bravery [King Tut’s Wah Wah]
Sei que acabei de avacalhar uma banda de rock n’ roll, uhúú. E que o Bravery é um lance de indie bichão. Então absorvamos os rótulos das músicas um instante e fiquemos apenas em “bom” e “ruim”. E o show do Bravery é muito bom. O guitarrista japa manda no palco, e ao vocal queixudo cabe só posar de galã. E ele faz, ah faz. Muito mais agressivo que nos álbuns [aquela coisa chocha cheio de tecladinho safado e gay], a banda não se priva em nada dessas coisas “rock”. O baixista escalou a armação do palco, para de lá arremessar o instrumento na batera. “Honest Mistake” causa euforia, MESMO, a banda pára pro povo cantar, e a seguir, manda o refrão em vários ritmos, vai no metal, vai no hardcore, e boom. Aimeodeos que meus butiá caiu do bolso tudo.

Brian Jonestown Massacre [Pet Sounds Arena]
A maior concentração de italianos que já vi desde a festa de quinze anos do meu primo, em Santo Antônio da Patrulha. Talvez Dig, o filme, tenha chegado à Itália só agora. Óbvio que o BJM carrega o estigma, mas é óbvio também que eles podem ser maiores. Um toque pop psicodélico deles revela bem mais que um Bees, ou Coral, ou whatever. Quando são só psicodélicos [abstraem o senso pop], é mais fodencial ainda, onde encerram tocando um jam duns doze minutos [o show teve só cinco músicas]. Anton Newcombe é mesmo um farrapo, mesmo que agora ele saiba se aproveitar disso. Metade do show, parece que não podia se fumar no stage, algo assim. O fato é que saiu, foi lá fora, e voltou depois, com tudo parado. Um mítico doente. Que somado a Joel Gion, que fica só lá, com o pandeirinho, a costeleta, e sua bichice contumaz, o BJM é de fato o maior “podia dar certo” que nunca vai dar. [E os Dandy Warhols ein?]

Wu Tan Clan [Slam Tent]
Lotação esgotada. Não se podia entrar na tenda, e foi a única vez que isso aconteceu, pelo menos enquanto eu estava do lado de fora. Como PRESS, entrei. E demorou, atrasou, mixórdia. Mas quando a negada subiu ao palco e mandou “Protect Ya Neck”, uma nova ordem. A ordem branquela do rap. A gurizada estava enlouquecida. Pulava, dançava, jogava a mão pro alto. E o Clan, claro, domina a cena como poucos [não sei bem quantos estavam lá, com certeza RZA e Method Man]. Hip hop velha escolha, muita falação e etc. Teve bis, teve stage dive, tudo. Caso fosse possível um sexo entre “banda” e público, nasceriam vários mulatinhos naquela noite. Nessa história, fique claro que eu seria apenas um voyeur punheteiro. MANOW.

Biffy Clyro [Radio 1/NME]
Confesso que queria ver, meus tempos remotos de juventude falando alto. Só que com o tempo minha RANZINZICE dominou. Porque os guris são uns CABELUDO, tocando NU-METAL envergonhado [não me admira mais que estejam na Roadrunner agora], e com uma crowd constituída basicamente de PIÁS, e locais ainda. O baixista, além do cabelão, usa barba e é RUIVO, por Deus. O irmão dele, o vocal, tem 200 tatoos horrorosas [mais que a minha]. Certo que eu deveria ter visitado a mãe deles em Glasgow e levar boas doses de amor e carinho por ter parido tamanho desgosto.

Kings of Leon [Main Stage]
Ao contrário, os filhos tiraram as barbas [exceção ao batera, que deve ser feio]. Resumidamente, aquele show da banda em SP tá na minha lista de PIORES que já vi, mas por coincidência, ou não, essa “nova fase indie” melhorou demais os carinhas. Ao vivo mais ainda. Não parecem mais coelhos assustados, tem até um certo carisma, e aquele sotaque CAMPESTRE faz os escoceses os amarem. Inclusive, senti uma paz interior quando o filho do pastor lá mandou um ‘god bless you’ geral. Tô falando sério.

The Horrors [Scottish Water Future, vulgo, uma tendinha bem pequena]
Um abacaxi amarrado numa corda. E o vocalista do Horrors lança pra galera. Tocaram uns dois sons, entre eles “She’s the New Thing”, e o que sobrou do abacaxi foi arremessado de volta no palco. Bizarrice assim é o show do Horrors. Uma banda chinela e vagabunda, que é meio Ramones e meio Cramps, chupadaço e sem vergonha. Músicas rápidas e insanas e grudentas. E dançantes [dançar Horrors é o que há, anotem isso]. Adicione o visual de filme de horror B [ALÔ ALÔ Vicente Renner], e a banda é uma Top 5 performers do momento. Ao começar o hit “Sheena is a Parasite”, os manos tocavam enquanto o vocal tentava acertar com seu microfone aqueles globos de festa disco amarrados no teto. Numa hora, claro, ele acertou e despedaçou o troço, e a organização cortou o som. E acabou. Sem o grande hit da banda, e sem o abacaxi.

Interpol [Radio 1/NME]
Meninas, desculpem de antemão. Mas não ser bitolado por uma banda tem vantagens, vantagens que não vale pras bandas que eu sou bitolado. Adiante. O caso é que o guitarrista do Interpol é um baita BOLHA, que erra quase TODOS riffzinhos FÁCEIS da banda de forma crassa. Aquele baixão impetuoso, no show desaparece [alguém ali era surdo pra não perceber a falta do baixo: ou eu, ou o cara do bigode]. O que sobra pro Interpol a alcunha de medíocre, de uma péssima presença ao vivo. E não é porque são paradões, ou porque tudo é muito depressivo. Não, isso é ó que se espera do Interpol. O problema é realmente tocarem mal. Exceção, talvez, ao galã Paul Banks, que não se mixa no vozeirão impostado e na pose blasé [cagar pra tudo e todos é um método vignolístico de carisma]. Não fossem legais [algumas] músicas da banda, jogaria até uns tomates, por tamanha falta de competência. Ou isso, ou na verdade não havia tomates.

Queens of the Stone Age [King Tut’s Wah Wah]
Um encerramento digno de T in the Park. Lembro que começou com “Monsters in the Parasol”, depois teve “Mexicola”, e lembro que depois [na verdade durante também] foi um pogo atrás do outro, e moshs, e cotoveladas. E é isso gurizada. Tenta imaginar aí um som altíssimo na orelha, com uma banda como o Qotsa a QUINZE METROS [era uma tenda, manja?] tocando “Go with the Flow”, “No One Knows”, “In My Head”, “Sick Sick Sick”. Tenta, mas só tenta, imaginar o que se passa quando “Feel Good Hit of the Summer” é tocada, com Homme tirando onda, cantando o refrão a capela como se fosse uma love song ou algo do tipo. Tenta aludir que Mark Lanegan tinha tocado à tarde com os Soulsavers, e portanto, estava ali pra juntar-se a banda e cantar “Song for the Dead”, o momento máximo de qualquer vida, embora “Misfit Love” [do disco novo] tenha sido meio TÂNTRICO também, e o termo vale porque foi talvez a maior punheta-rock que já vi ao vivo, e foi [mais sexo] muito foda. Foi uma hora e dez minutos, numa tenda, onde só pude berrar e tentar ficar vivo. Consegui, e agora estou aqui não relatando o show, mas efetivamente jogando na cara de vocês, ralé, de ter assistido ao Qotsa. Aquele careca não faz a mínima falta no fim das contas, isso é a maior balela já inventada. Quando verem, saberão. Talvez não. HWSUAMIASJDHGDGJSSJJS. Ralé.

Domingo: portanto, não vi
Snow Patrol, Scissor Sisters, The Gossip, Mika, Maximo Park, Kasabian, Ocean Colour Scene, Jet, Editors, Badly Drawn Boy, Air, Damien Rice [fala sério], Tori Amos, The Maccabbees, The Fratellis, Josh Wink, Pipettes, Sunshine Underground.

Quando saí da tenda, às 22h50 do domingo, fazia um friozinho e minha camisa, calça e cabelo estavam empapados de suor. Com toda aquela cerveja quente tomada, achar os ônibus foi difícil desta vez. Ao chegar no centrão, ainda deu pra fazer uma patifaria. Mas isso logicamente não contarei, mesmo que implorem. Um grande abraço.

F.I.M

postado por: mim 8:07 PM



II SUMMERCASE FESTIVAL

Barcelona tem toda a mística da arquitetura catalã, do bairro gótico, catedrais dum século bem distante. Aquilo tudo é realmente muito foda. Porém, sou um brucutu e não tenho tamanho prazer nesses troços do Gaudì. Meu maior reconhecimento de campo antes do festival se resumiu ao que chamo de trinca mágica. Visitar o Camp Nou, e mandar pro Ronaldinho a camisa do colorado autografada pelo Gabiru [cagão que é, ele não compareceu, então, apenas tirei foto junto ao gramado, com a camiseta e cara de nojinho]; fazer uma night forte por Las Ramblas [tônica do nos meus sete dias lá], o calçadão enorme no centro da cidade, onde tu encontra de tudo, do comércio camelô a coisas chiques, passando por prostitutas africanas e artistas de rua de todos tipos; e por fim, bandear nas praias pra pegar umas ondas e ver umas tetas. Bem, as praias de Barcelona não têm ondas, mas as tetas aparecem bastante. Mas sobre elas, é aquilo. Grande parte tu tem vontade de pedir à moça que recoloque o biquíni, “tá muito feio isso aí ô”, mas também as que são ok são 100% qualidade [suecas, suecas, suecas]. Apenas o resumo da vida. Uma ou outra coisa genial e o resto é farinhol. Pensem nisso.

Esse Summercase é um festival novo, apenas na sua segunda edição. O deste ano teve um megapatrocínio da Movistar, o que agigantou as atrações. Ele rola simultâneo em Barça e Madrid [com as mesmas bandas que só revezam os dias]. Na Cataluña acontece no Parc Del Fórum, o mesmo que mês antes rola[va] o mais tradicional Primavera Sound [melhor e menos adolescente], lugar maravilhoso na costa da cidade, junto a Avenida Diagonal, o principal ponto de comércio chique de Barcelona, perto da estação de metrô de El Maresme. Dentro do Parc, pra se ter idéia, ao fundo de um dos palcos se vê o oceano azul límpido, e a esquerda da área de impressa [eh nóóis], iates cintilavam no pórtico. Mas com o piso de puro concreto, às seis da tarde, e 37 graus, o queimaço ali fodia o peão. Alguns locais desdenham o Summercase como um não-autêntico festival do verão europeu, pois não rola camping. É, de fato, um festival urbano aonde você vai, vê os shows, e vai embora. O nome dos palcos, esses realmente não poderiam ser mais não-autênticos: terminais O, E, S, N. Tinha que consultar o mapinha toda hora, porque esse lance de letrinhas não facilita o bebum. Esse primeiro palco é o principal, ao ar livre, bem no centro de toda área. O segundo também é ao ar livre, aquele do mar ao fundo, a esquerda do principal, e antes de chegar a sua pista possui uma escadaria beirada por espécie de morro que, à noite, ficava repleta de gente, o que dava um visual bem massa [mas com o cara passado, às duas da manhã, era embaçado não cair um tombo por ali]. Os outros palcos ficavam em tendas, diagonais uma a outra. Comparado ao T e ao FIB, esse era o festival de trânsito mais fácil, e horário mais flexível para conferir os shows. Talvez o de visual mais bonito também. O som de todos os palcos era muito bom, quase que perfeito [ar livre nunca é]. Os freqüentadores do evento não diferiam muito dum indie qualquer de POA [e aí tu escolhe se fica feliz ou se tapa de nojo pelo Brasil não estar atrasado no quesito indie]. A quantidade de estrangeiros, pelo menos de forma evidente, era menor. Já as “chicas españolas” são uma dureza. E uma explicação plausível é que os chicos são JOSELITOS [encontrei dois caras que "gostaram de mim", e DEUS, o jeito que eles chegavam nas minas era constrangedor. Evaporei rapidamente]. Aliás, é quase impossível achar espanhóis sozinhos nas festas [a impressão que dá é que todos só saem de casa se tiver alguém junto]. Disparado o festival menos esquizofrênico, a graça do Summercase é até essa. Usar a DIDÁTICA também. Saca?

Ao contrário da Grã-Bretanha, na Espanha o festerio varre a madrugada. Na sexta-feira, 13 de julho, os shows começavam por volta das 18 horas e seguiam até 5 da matina. Cheguei bem cedo, peguei meu crachá e pulseira de PRENSA e fui beber num boteco próximo, com Estrela Damn a preço razoável [já que a lógica de pagar 3 Euros num COPO de ceva não é saudável ao turismo farofa]. Muito embora, ali na gringa [pelo menos nesses festivais] eles deixem você entrar com rango e a bebida que quiser, ou seja, vai pagar [e caro] por aquilo apenas se tiver a fim. Bastante justo e proletário. Emocionado assim, adentrei ao Parc del Fórum, torrando no calorão.

SEXTA-FEIRA
Bromheads Jackets [Tenda S]
Nem lembro como é a banda a essas alturas. De repente lembraria se fosse boa, ahn?

Hidden Cameras [Palco E]
Quando entraram no palco de TÚNICAS PRETAS naquele calorão só pude respeitar. Debaixo do sol, poucos viram, mas foi um belo show. Canadenses, óbvio que os Cameras são a face do Arcade Fire sem aquele plus [marketing?] pra virar banda de estádio, o que não invalida o som deles ao vivo, que é bem massa, repito. E as figuras da banda são o que há de mais esquisito no mundo, procura aí nos google da vida. [Sim, sei que eles levantam a bandeira da homossexualidade, seus manés].

Editors [Palco O]
Onde a criatura ultrapassa o criador [exato, o Interpol]. Tudo funciona muito bem no que tange a TOCAR BEM as suas próprias músicas, e o baixista, um grandalhão loiro com cara de bobo [sobrenome judeu], faz o que o chicano da outra banda não faz, que é SAPECAR seu instrumento com vontade, volume, groove pós-punkista. O vocalista, um franzino de cabelo encaracolado-anjinho é a antítese de Banks, meio autista, trejeitos estranhos, olhos revirados, acessos de raiva do nada. Momento top rolou com “Smokers Outside Hospital Doors”, barulheira sem igual, o vocal ao piano, muito esquizo, numa música que a versão americana do Editors tenta compor há três álbuns.

Guillemots [Tenda S]
Um contraste de fúria e singeleza. A carapaça exagerada da banda [bem, pelo menos eu nunca consegui absorver por completo] funciona muito ao vivo. Lord Magrão só faz usar todos os efeitos possíveis para arrancar barulho da guitarra, às vezes, também tenta num teremim. O vocalista, um desajeitado, toca Guillemots com o ímpeto duma banda de rock garagem [isso é um elogio, gurizada]. Tudo o oposto da cozinha, de contrabaixo acústico, baterista altos jazzeiro, e um naipe de metais. Além da sublime interpretação de “Throw the Windowpane”, eles fecham a bagaça com “Trains to Brazil”, que resume bem todo o misto de caos e TENRADEZ criado pela banda. “Aí Magrão, é nóis”, gritei. “É nóis”, respondeu. Mostrando a conexão Canoas-Itaquera em plena Cataluña.

The View [Tenda N]
Colocaram a banda na menor tenda sem imaginar que naquela semana a NME deu a capa “New Kings of Scotland” a eles, referência ao show do T in the Park [que não vi]. Conseqüência que lotou o lugar, mesmo, e gritos de ‘the view, the view on fire’ já se ouvia antes da apresentação. Um escocês com a camisa do Dundee parou ao meu lado [DUNDEE, vocês tem noção?]. E o pior de tudo. Todo mundo canta todas as músicas e faz pogo o tempo todo. Pior, porque o The View não passa duma banda de piás [no sentido da música feita e da cara dos moleques, aparência de 16 anos ou menos]. Quando tocam “Same Jeans” aquilo realmente tem ares de clássico que vai perdurar para sempre. Tomara que, pelo menos, da forma certa. A de one hit wonder.

PJ Harvey [Tenda S]
Três musiquinhas ali só pra ver se estava gata. Não só estava, como ela sozinha, voz-guitarra [e piano também] aguça demais a imaginação punheteira do sujeito. Sem mais.

Flaming Lips [Palco E]
Entardecer, o sol beijando o oceano, ao fundo. Deus foi esperto neste caso. O show é uma maldita festa, e ponto. Aquela bolha e as serpentinas de sempre, mas é massa. Até o setlist foi bem parecido com a passagem por Sampa, trocaram só os covers por músicas do disco recente, como “The WAND”, “Free Radicals”, e “Yeah Yeah Yeah Song”, nesta Coyne politizando contra Bush, incitando a espanholada a fazer o mesmo, ensaiando interminavelmente os ‘yeah yeah yeah’ da música. Tudo muito divertido. MAS, agora chega né? Convide-me prum show dos Lips só se eles tocarem as véias.

Arcade Fire [Palco O]
Ótimo show, um set bem diverso em relação ao T [abriram com alguma das “Neighborhood”, não com “Rebellion”]. Porém, na Espanha esse lance de Main Stage funcionou ainda menos. Ali por onde fiquei, e não era longe do palco, havia um público disperso, falante, nada a fim. Claro que a dispersão você pode culpar as pessoas, não a banda. Mas o fato é que existem tipos de som que prendem a atenção de QUALQUER JEITO. Num show do MANOWAR, por exemplo. Ninguém fica conversando. Rá.

Bloc Party [Palco E]
Idolatria é uma palavra forte o bastante? Perguntem aos espanhóis sobre Bloc Party. Da parte da banda, resposta de alta qualidade também. Puta show, uma combinação perfeita entre execução e reação, festa e dança, cerveja e minas suando. E nem estou dizendo que a banda é massa, apenas que fazem o remelexo bem. Rolou até bis, com a superdeluxe “Helicopter”. Disse o negão: ‘Barcelona, you’re so cooool’. Concordo.

LCD Soundsystem [Tenda S]
O banhudo é outro que sabe agitar o coreto. Quando entrei, com o show iniciado, rolava “Movement”, e já saí quicando com a massa, num pogo frenético. Daí pra frente, bate-coxas sem igual, “No Love Lost”, “All My Friends”, etc. Dava até pra agarrar as minas.

2manydjs [Tenda S]
Podia ter visto Scissor Sisters, mas não curto. Parei ali nos DJ’s e fiquei sacudindo feito aqueles joão-bobo de posto de gasolina. É só isso que se tem pra falar de shows de dj’s. Nada de análises sobre mash-up, porque na boa, isso é coisa de quem vive na bronha.

Portanto, não conferi, porque não quis, ou porque não deu: Lily Allen, The Macabbees, Phoenix, Mika, Pigeon Detectives, Scissor Sisters, 1990’s e Belle & Sebastian Dj’s [imagine o quanto empolgado deve ser um set deles].

Cinco e pouco da matina, amanhecendo, um povaréu indie pra pegar o busão de grátis que levava até a estação do metrô [a linha amarela que faz o trajeto direto, estava em obras]. Na gringa eles realmente deixam o carro em casa por acreditar no seu eficaz transporte público, mas nesse caso, tudo ficou apertado demais. Moído mas não morto cheguei ao Centric Point, hostel técnico em plena Passeig De Gràcia, a rua mais foda no coração da cidade, próxima a Gran Via [a mais movimenta de Barça], a Plaza Cataluña e Las Ramblas. Uma “noite” de sono justa, sincera e profunda no quarto de francesas bem aimeudeus.

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Não há ressaca que cure num calorão daqueles. Sábado o sol rachava o crânio ainda mais, as garrafinhas não faziam efeito [San Miguel, desta vez], nem o protetor solar. Bordejei na área de imprensa, a mais chique de todos os festivais. Num lugar ermo como o Brasil, ao se cobrir algo na Europa, instantaneamente acham que tu é alguém, e é claro que tu tem de se aproveitar disso [apenas contatos gurizada, não pensem merda]. Muito mais gente do que na sexta [aliás, alguns reclamaram que o ingresso era muito caro, 120 Euros o passaporte pros dois dias] e muito mais foda. Talvez porque todos teriam o domingo todo pra morrer, talvez pelas bandas mesmo. Confere as que rolaram.

SÁBADO
How I Became the Bomb [Tenda N]
Oras, pessoal, essa é fácil. Vocês se tornaram uma bomba quando subiram num palco. Tchãããããã.

The Hours [Tenda S]
Assim ó, eles parecem o Radiohead circa-The Bends. Mais dois discos, viram o Muse?

Sunday Drivers [Palco O]
Lá na Espanha eles dão aquela força pras bandas locais. Essa é uma, no palco principal, cantando em inglês um power-pop bem inóspito. Eram meio bundões e usavam barbas. Tirando o fato de cantarem em inglês, te lembra alguma banda brasileira?

Badly Drawn Boy [Palco E]
Entre todos shows [meio] folk que conferi na gringa [Rufus, Bright Eyes, Wilco], o dele foi o mais desempolgante. As músicas do cara são agradáveis. Mas não com 40 graus no lombo. Heroísmo ali, só pelo fato do filho não abrir mão da TOUCA com aquele solaço.

Soulsavers featuring Mark Lanegan [Tenda S]
Não conhecia e achei ducaralho. Trip-rock viajante, uma parede de distorções sobre batidas sincopadas e etéreas a Bristol 90’s. Lanegan tipo um pastor, cantando como nunca a Tom Waits [aquela rouquidão é de craqueiro, nem vem], SEMPRE na mesma posição, as duas mãos à frente, trajando social preto e botas, e um cabelo meio de palha ressequida estilo aquele do Hulk no seriado trash. Duas backing-vocais negronas apareceram para completar o clima acid-gospel. Numa hora Lanegan sai do palco e não dá nem tchau [ele não deu oi também]. A banda, após uns dez minutos de piração distorcida também sai do palco e não dá tchau. Recomendadíssima a audição.

Dragonette [Tenda N]
Mesmo sem concorrência alguma no horário havia meia dúzia de gatos pingados assistindo. Electro-rock desses que dão em árvore, com uma mina feia cantando. A banda é tão xarope que merece um gerúndio a cada fim de frase. Tipo, nem bebendo.

Jarvis Cocker [Tenda S]
Cocker é visivelmente débil mental. O tempo da sua lenga-lenga a cada intervalo de música dura mais do que a música [e se levarmos em consideração que as faixas desse álbum solo dele são um saco, até que é divertido]. Ele toca músicas do Pulp na boa, “uma canção duma banda que não é mais minha. Bem, antes não sei se era minha, aaahn, é, ahn”. Também tocou “Eye of the Tiger”. Alguém precisa internar. Urgente.

Jesus and Mary Chain [Palco O]
Digamos que, talvez, o marco zero dessa minha rota gringa era assistir ao Jesus & MC. Quase que colei a grade, com meu novo HAIRSTYLE à Bill Reid. Claro que quando sobem no palco de cara você já vê que Jim está CARECA e William, bem, GRISALHO, no estilo dum tiozinho da propaganda de produto pra escurecer o cabelo. Aí os velhos começam a tocar e vem “You Trip me Up” e são alguns minutos que parecem um maldito sonho. Mais uma e outra. A banda mais gélida de todos os tempos faz um dos shows mais gélidos de todos os tempos. Problema? Não com “Never Understand”, “Snakedriver”, “April Skies”. O público sim era mal-resolvido, quieto, e parecia estar ali só pelo aspecto mezzo histórico. Também para VER, ao vivo, “Just Like Honey”, que se por acaso, é uma das dez canções mais belas que existem, o fato é que a execução foi duma paumolescência decepcionante. Talvez a brisa da cidade não combine com a DARKEZA dos irmãozinhos, o mais provável é que a porra do aluguel deles deve ter subido um bocado e não vêem a hora de acabar com a tortura que é tocar. O que sobra do show, portanto, é de um lado um punhado de músicas fodas e a satisfação de ouvi-las ao vivo, e do outro a vibe ‘que saco estar aqui’ da banda. E enquanto eu não casar com a irmã gata deles e não ter de aturar as reuniões familiares dos Reid, até que tudo bem. Foi suficiente, gratificante, e [pimba!] histórica.

OMD [Tenda S]
Ao vagar pelo portal dos anos 80, parei em outro revival, da única grande banda de synth-pop já existente. Abrem com “Enola Gay”, fecham com “Electricity” no meio “Tesla Girls”, “Joan of Arc”, “If You Leave” e o que posso dizer pra vocês é que foi o show de maior comoção entre TODOS que vi em TODOS festivais. Durante a música, geral cantava e dançava e emulava os riffzinhos de sintetizador com a voz. No fim das músicas, palmas e ovação minutos a fio. A banda estupefata, não acreditava naquilo. Contudo, foi à visualização trash que me fixei. Sou uma espécie de imã de malas, que resolvem ver o show [ou não ver] perto de mim. Mas esse foi insuperável, e bizarro. Um sujeito que era um armário, desses de academia, corte de cabelo militar, germânico ou whatever, de chinelo de dedo, bebaço, dançava todas, dedinhos pra cima, alucinado. Dava vários tropeções também. E ainda baforava as minas ao redor [inclusive, o casal de lésbicas mais tosco de todos os tempos], e cutucava os caras, que em geral, homossexuais, visivelmente ficavam em dúvida se piscavam ou faziam cara de nojo. Caso eu mesmo não fosse um fã de OMD, ele seria o mais trash admirador da banda.

Kaiser Chiefs [Palco O]
Outra banda palha que dá aquela crescida no show. O vocal, aquela biba, assume a condição de crooner e leva isso a sério. Microfone de mão, incita a massa, corre, pula, pede palminhas, grita. Isso tudo, com uma tremenda cara de bolacha [sabe aquela cara inchada de cheirador que resolveu parar?] e barba por fazer como o Jack Bauer lá pelo episódio 19-20 [ele realmente parecia um Bauer gorducho]. A reação do público também é um absurdo. Pulos, berros em todas músicas. Se tu é adolescente, recomendo.

Chemical Brothers [Palco E]
No palcão que fica em frente a escadaria, o lance parecia uma pista de dança gigante. Audiovisual no sentido máximo, bêbado e [ou] no ácido, não tem como desgostar do show dos Brothers. Basta olhar pras imagens sensacionais do telão e colar numa mina. Mesmo que o som deles seja algo ultrapassado, o que não passa nunca é a farra.


Não conferi, porque não quis, ou porque não deu: James [cheguei quando tocavam “Sit Down”, a última], Air [quatro chances de ver na Europa e não assisti nenhuma, porque vocês sabem, a vida é feita de escolhas certas], DJ Shadow, !!!, The Gossip, My Brightest Diamond e Eletrelane [uma das bandas que eu mais queria ver e os filho da puta me botaram encavalado com o show do Jesus & MC. Snif, snif.]

Depois disso já era cinco da manhã, numa tenda tocava Felix Da Housecat, noutra os The Glimmers, entrei numa que não sei qual [pior que é sério] e quiquei até quando o sol já raiava. Antes de passar novamente pelo aperto do busão, algum qualquer sugeriu um tiblófi na praia ali perto, pra descarregar. Agora eu te pergunto pra terminar: tem como algo assim ser ruim? Respondo: não, nem com todas as tetas murchas do mundo.

ESTE FOI MAIS UM FIM.

postado por: mim 7:51 PM



XII FESTIVAL INTERNACIONAL DE BENICÀSSIM

O Festival de Benicàssim começa numa quinta, mas você pode chegar ao acampamento desde a segunda-feira. Optei chegar quinta mesmo, e comecei perdendo o trem que saía de Barcelona de manhã cedo [que sordidez esse lance de acordar cedo]. Com passagens esgotadas, atravessei a cidade até Estación Nord pra pegar um busão até Castellón, quase cinco horas de viagem. De Castellón até Benicassim não dá nem meia hora e tinha muita gente fazendo o mesmo. Chegando à cidade-balneário, as informações sobre o festival estão em toda parte, mas meio nada-a-ver se tu nunca foi lá [tipo, não diz o local exato do teu camping, por exemplo]. Bom, não diz por que se pode ficar no que tu quiser dos três disponíveis: FIB [ao lado de onde acontece o fuzuê], Mercat [no meio do caminho entre o fuzuê e a praia], e Bonet [longe pra caralho do fuzuê, mas ao lado da praia]. Fiquei nesse do meio, simplesmente porque era pra onde caminhava o povo. Ao chegar nele dei várias explicações sobre minha condição de IMPRENSA, tudo dispensável, eles só querem saber mesmo é quantas barracas tu vai armar [apenas nos demais dias eles passam a conferir se tu tem o ticket do festival]. Ok, ARMEI A MINHA BARRACA no local mandado, pendurei o estandarte do Colorado num varal, passei um protetor solar e fui ver qual que era. A estrutura do camping é boa, tem um tendão onde vendem comida e bebida [preços normais], banheiros químicos [impraticáveis, minha dica de ouro é usar os que ficam no recinto do festival desde que se chegue cedo], e chuveiros [geral tomava banho de biquíni/sunga, um que outro pelado -- geralmente uma feia/feioso]. Dali até onde rola o festival é uma caminhada de dez minutos, e no primeiro dia ainda fui até o recinto ao lado, onde teria de pegar as credenciais. Detalhe: o cara que me informou o local era cearense. Tinha uma filinha [com alguns blasès de tv da Espanha, acho], mó organização, primeiro o cara batia uma foto, o segundo te dava o crachá, o terceiro colocava a pulseira que dá acesso ao local dos shows e camping, e o quarto uma bolsa com algumas lembranças do festival, tal como camisinha e livreto com todas informações do evento. Ainda tentei pegar os ingressos [eu havia comprado antes de ganhar credencial] pra vender, mas eles só podiam pôr a pulseira, fosse em mim ou em quem eu quisesse [tentei vender levando a pessoa até lá, mas não rolou, os outros cambistas eram punks sujismundos, e isso não dá muita credibilidade. Marchei com uma centena de Euros. A história é mais longa e snif.]

Benicàssim, a cidade, é um paraíso meio estranho. Aquilo é quase um deserto, no sentido literal, de vegetação rasteira, chão batido, abafado, sem vento, e com 40 graus o asfalto ao longe fica com aquela forma de que se mexe. A praia, porém, é sensacional [aquele azul do mediterrâneo prum cara de Canoas é quase o céu]. Típica cidadezinha de veraneio, ruelinhas, pracinhas, fontes, todo mundo na paz. A turistada meio que zoa, ao menos nesse findi, você vê aquela horda de gente na frente dum supermercado comendo sua refeição ali, coisas como sanduíches e frutas [eu inclusive, porque é barato, o problema mesmo é a sujeirama que o povaréu – em geral ingleses – deixa pra trás na frente do super]. Na real, durante o dia você vê horda esparramada por todo o lugar que tenha sombra, é simplesmente impraticável de ficar no camping na hora do sol a pino. Todo o dia, o que rolava era acordar quando o sol batia na barraca [sete horas], ir à praia dar uma refrescada, rangar, dormir em algum canto geladinho, e ir pro festival, ali pelas 6 horas da tarde. Mas a cidade vive 100% do turismo. Se você tem grana, hotel com piscina é que não falta.

Benicàssim, o festival, é disparado o mais afudê. Além da inerência de você sair da praia direto prum monte de shows legais, o clima também é mais EFUSIVO. A estrutura geográfica em si, não é das melhores, o palco principal fica socado lá num canto extremo, ou seja, só há um ponto de chegada e evacuação e isso vira uma zona. Nas três tendas [Fiberfib, Vodafone, e Vueling Pop] a distância é nula e o acesso fácil, porém o próprio forno antes de anoitecer. Uma vantagem é o espaço verde, tem vários locais pra ficar estatelado numa boa, de frente prum telão onde passa os shows, tomando uma ceva. ALIÁS, outra dica de ouro: na quinta, o ponto onde você tem de comprar os vale-comida-bebida ficam com filas enormes, a parada é ou 1) comprar antes na tenda do camping ou 2) comprar depois, nos outros dias nunca tem ninguém, é como se TODOS comprassem 250 mil tickets no primeiro dia pro festival inteiro [o cara na minha frente comprou 85]. Dos festivais que fui, era o de pior estrutura sonora [não comparemos com Brasil, ok?]. Principalmente no Main Stage, o som espalhava um pouco [a favor deles, pelo que manjo de estática, deve ser bem foda fazer coisa melhor naquele local, quase beira-mar], algo que fez [suposição] até com que trocassem Klaxons de ordem e local com o Who Made Who. Acho que é isso aí de first impressions. Com ceva e mulherada de biquíni, os shows são apenas adereço. Alguns que vi estão logo abaixo, tenta ler, se conseguir.

QUINTA-FEIRA
Mando Diao [Escenario Verde]
Excelentes momentos de “a lot of fun”. Esses suecos que fazem rock sem firulas [e por isso mesmo nada super-marcante] sabem demais animar um coreto. Alguma coisa me dizia que se o Mando Diao foi massa daquele jeito, o The Hives seria infernal.

Iggy & The Stooges [Escenario Verde]
A primeira vez a gente nunca esquece. E agora, nem a segunda. Talvez seja repetitivo, mas de fato descrever um show de Iggy e os patetas é meramente ilustrador. Alguma coisa muito diferente [mais que qualquer outro show, diria] é estar ali no meio do povo, num pogo incontrolável a cada “Tv Eye”, ou “1969”, e claro, “I Wanna Be Yr Dog” [ eles continuam tocando duas vezes, uma no "bis"]. Mais diferente ainda é descrever “No Fun” e a HORDA de fãs no palco, ainda mais se você mesmo é um desses fãs. “ABAJO, ABAJO”, gritava Iggy, sem adiantar nada. Algumas coisas, meus filhos queridos, só fazendo.

Bright Eyes [Escenario Verde]
Há tempos que Connor Oberst não é o Bright Eyes, mas Bright Eyes, de verdade, virou uma superbanda gigante. Dos que pude contar [afastado do palco, ainda descansando dos Stooges e todo dia desgastante] havia treze integrantes lá, todos uniformizados em ternos brancos, alguns também de chapéus [brancos]. Uma baita festa armada, acreditem vocês, ou não. Todo o rebuscamento em forma de música pop. E vale a pena.

Deixei pra trás: Los Planetas [banda bem famosa na Espanha, acho], Brazilian Girls, Trash Pussies e People Are Germs. Acho que fiz bem, né? No outro dia tinha que estar ok pros demais shows, mas, sobretudo, pro tiblófi sob o sol do mediterrâneo.

SEXTA-FEIRA
Nouvelle Vague [Fiberfib.com]
Não tenho paciência pra ouvir os discos, mas ao vivo é bem divertido. Embora as duas minas sejam barangas, é legal as versões de “Ever Fallen Love”, “Tainted Love” e outras. Mais legal quando entrou no palco um negão [a formação do NV não é fixa, pelo que entendi], solo, somente ao violão e tascou “Relax”, hino synth-pop do Frankie Goes to Hollywood, numa versão acústica, uma pá de gente GARGALHANDO na platéia, e depois mandou “Sweet Dreams”, reações igualmente atordoadas. Depois ele caiu fora e voltaram as minas pra encerrar com “Love Will Tear Us Apart”. Legalzinho.

Rufus Wainright [Fiberfib.com]
De pano de fundo, uma bandeira estilizada dos EUA, preta no lugar das cores, e com jóias no lugar das estrelas, que segundo a explicação do Rufinho, representam as coisas boas da América, apesar de todas as cacacas feitas pelo país. O show segue apenas pra quem é fã, lerdo, moroso, sonífero, até que o cara sai do palco [com a banda fazendo uma jam NOISE-FOLK magnífica], para voltar, minutos depois. Num hobby de banho, senta ao piano e toca “Hallellujah”, do Leonard Cohen, lindo [ainda que lerdo, moroso, sonífero]. Em seguida Rufus tira o roupão, está de SAIA e MEIA CALÇA, passa BATOM, a banda volta ao palco, sem os instrumentos, mas de smoking e chapéus. E fecharam o show assim, interpretando um som do Rufus [que não sei qual] ao estilo Broadway, no playback mesmo com todos dançando coreograficamente [a atuação da banda é absurdamente HILÁRIA]. Soltou a franga, e era o mínimo que eu esperava.

Antony & The Johnsons [Fiberfib.com]
O gordo, até a terceira música, estava TREMENDO feito vara verde, tinha uns tiques inacreditáveis com a mão [do nervosismo, quero crer] e a voz FALHAVA. Depois, além de tudo isso ele também passou a SUAR muito, feito um leitão. Foi constrangedor, sorte que nunca ouvi os discos, pra saber se aquilo era aquilo mesmo. Teria sido ainda mais.

Who Made Who [Escenario Verde]
Como já expliquei, ali era pra estar os Klaxons. Até as pessoas se ligarem que no palco na real estavam uns caras vestidos de esqueleto [manja as fantasias da gangue que queria pegar o Daniel Larusso?] fazendo uma sub-new-rave eles aproveitaram. Depois, aos poucos tudo foi se esvaziando, a banda seguia fazendo música ruim e caí fora dali.

Kiko Veneno [Vodafone FibClu]
Peguei uma pizza “quatro quesos”, bem boa. Sentei num morrinho, e ao longe fiquei vendo esse show. Um tiozão, no violão, tocando músicas tradicionais, em espanhol. Parecia uma grande piada interna, e o fato é que todos se divertiam. Depois descobri que é um dos ícones do “rock 70’s” lá da Espanha. Parecia mais o Odair José.

Wilco [Escenario Verde]
Esse papo de alt-country já deu o que tinha que dar ao se falar no Wilco. No palco a banda é uma combustão instantânea, mesmo em suas baladas. Jeff Tweedy e Neils Cline são o protótipo perfeito de dupla de guitarristas [em especial Cline, sua coleção formidável de pedais, seu lap-steel fudido, e seus solos gigantes e embasbacantes], e pruma banda “country”, foi a coisa mais rock que já vi. Ninguém que curte música passa incólume a “I Am Trying to Break Your Heart”, e isso não é gosto pessoal, é lei definitiva. Caso tu refute, não curte música. Subjetivo assim.

DINOSAUR JR [Escenario Verde]
Abortei o The Rapture e colei na grade, calor fodido, sem ceva. Duas minas da Dinamarca num momento me perguntam ‘não é Klaxons agora?’. Não, filha, nem vai ser nesse palco, vocês são dinamarquesas ou burras? Não importa. O trio Dinosaur Jr. fez um show brilhante, um show desses que um fã esperava. Abriram com “Almost Ready”, que também abre o disco novo, e desse foram quatro músicas, inclusa “Break to Your Heart”, vocal de Lou Barlow. Aliás, ele tem um carisma-nerd inacreditável. Alguém arremessou um rolo de papel no palco. Barlow jogou de volta. Esse vai-e-vem do rolo durou até o final do show, ele se divertindo muito, não sei se porque ele possivelmente acertava alguém e ninguém o acertava, ou mesmo com a possibilidade daquele rolo bater na cara do J.Mascis. Aliás, ele é um guitar-hero mesmo. Trocou de guitarra uma única vez, não tem frescura, sola como quem destrincha um boi. No set, somente as músicas da fase Mascis-Barlow-Murph, exceção a “Feel The Pain” [pra aguar o zóinho]. “Just Like Heaven”, “The Wagon” e “Freak Scene”, pra fechar. Uma parede de amplificadores Marshall e um soco de distorções sem igual. Top 10. Da vida.

Klaxons [Fiberfib.com]
Como trocou de lugar e horário, acho que deram uma colher de chá aos fãs de Dinosaur [uma chance de irritá-los, provavelmente]. Começou atrasado, fiquei muito, muito, mas bem lá pra trás da tenda mesmo. Quanto terminou, tava lá na frente. Porque é inacreditável a alegria do povaréu, a dança, o pogo, o suador. Todas as músicas do álbum de estréia passadas em xeque, [quase] todas cantadas em uníssono. Uma banda a fim de fazer o show, um público a fim de ver a banda. Banda competente, público satisfeito. Uma das coisas mais alucinantes em Benicàssim. Seria eu, um adolescente?

Devo [Escenario Verde]
A melhor entrada de palco de todas, as melhores coreografias, o melhor figurino, os fãs mais retardados, Devo foi um espetáculo desses sem descrição boa o bastante. “Secret Aged Man”, “Mogoloid” [a “dança do robô” nessa foi gargalhável], “Jocko Homo”. Tudo fechado, é claro, com Mothersbaugh encarnando Booji Boy. Quase gostei do som.

The Presets [Vodafone Fib]; Bluetonic [Vueling PistaPop]; Digitalism [Vodafone]
Uma dupla australiana, um DJ spagnolo di cazzo, uma dupla alemã. Som eletrônico, sirenes, guitarras, caos. Desarmei meu coração e fiquei dançando full time, sem camisa.

Perdi no rebosteio: GusGus, The Rapture [acho que nunca verei], Ok Go, The Horrors, Vitalic e Fangoria. Algo que não é necessariamente “perder”, concordam?

SÁBADO
The Clientele [Fiberfib.com]
No dia mais quente e infernal não tinha lugar e hora mais inapropriado prum show do The Clientele [shoegazersismo fofura pra tomadores de panca]. A violinista/tecladista, é loira, e encanta, hipnotiza, parece de porcelana, declarei-me. Mas às cinco da tarde [escurecia lá pelas dez na Espanha] foi sacanagem. Doeu a cabeça e as bolas.

Dorian [Vofadone Fib]
Electro de locais. Era uma merda, e a banca deles impressionava. Um rapazote levou um cartaz com dizeres das músicas, e numa tenda semivazia o vocalista fingia não ver. Topei com eles noutro dia no local da imprensa. Realmente marrentos. Chupaqui putos.

Astrud [Fiberfib.com]
Também locais, o figurino mais RIPONGO SANDALIESCO que já vi. O som, um híbrido indie com programações. “Todo nos parece uma mierda” foi um dos sons, ovacionados quando anunciaram. Jurei que conhecia uma música deles de algum lugar [vamos aqui ao google, peraí um pouco], rá!, sim, “Something Changed” do Pulp, em versão hispânica. Bom, nem curti.

Os Mutantes [Fiberfib.com]
Era o primeiro show deles na Espanha. Sérgio Dias abusou dum portunhol bastante constrangedor [leia meus lábios Sérgio: BIEN = espanhol, BENE = italiano], em especial na introdução falada de “Cantor de Mambo” [um constrangedor anti-bushismo também]. Mas com a guita ele se divertiu bastante, com punhetas gigantes, e divertiu ao público. Brasileiros de plantão vibravam, Zélia parecia mais feliz que gordo em festa de aniversário, e Arnaldo, bem, vocês sabem [quando a banda entrou no palco, duas tias, bem feiosas, davam risadas quanto ao aspecto abobalhado dele. O rapaz a meu lado tentou explicar o lance da queda e etc.]. De qualquer modo, foi um belo dum show, com “Tecnicolor” em inglês, “Baby”, “Minha Menina”, “Balada do Louco”. Mesmo que tenha sido como foder um cadáver.

Peter, Bjorn & John [Vodafone Fib]
Fui pegar uma bira e um ranguete, e parei ali, bem quando começou aquela do assobio, a mina do Camera Obscura no vocal. O cara nem consegue assobiar direito, aí fode. Imagina se ele tivesse de chupar cana ao mesmo tempo.

Cansei de ser Sexy [Fiberfib.com]
Pelo menos no circuitinho indie, eles realmente são adorados. Uma pá de gente que falei [ingleses, em especial] sempre mencionava “CSS” como uma das bandas que gostaria de ver, e a tenda onde tocaram [a maior delas] estava de fato lotada. Após a terceira música o show teve uma pausa pra troca de energia no festival, que iria desabar [tudo ficou as escuras por minutos, um italiano do meu lado ficou fazendo mil perguntas sobre a fama do CSS no Brasa, coitado, não sabe a metade]. Por um grande insight, assisti tudo colado à grade, um “pogo” geral rolando, gritaria. Lovefoxxx tem uma baita presença de palco, não à toa neguinho gringo gamou. Como de praxe, em algum ponto de “Alcohol” ela foi à grade perguntar a alguém do meu outro lado qual seu drink favorito, e a única coisa que me veio a cabeça foi berrar “te comia, Luiza” [certamente Adriano Cintra, o batera-guitarra-líder-porta-voz-mais-mulher-que-todas-somadas da banda, desaprovaria essa minha atitude tipicamente brasileiro-pobre-constrangedor. Devia ter falado em inglês]. Pra resumir, acreditem no que dizem por aí. Os gringos adoram CSS. O som não me interessa contar e talvez não te interesse saber.

Magic Numbers [Escenario Verde]
Em homenagem a banda, comi dois cachorros-quentes enquanto assistia três músicas, que aliás, pareciam a mesma. É só, obrigado.

!!! [Fiberfib.com]
Ao vivo esses caras atuam como banda, não como o lance eletrônico dos discos. Percussão pesada, baixo idem, guitarrinhas tchaca-tchaca, synths. Quase legal, não fosse o aspecto DANTESCO do vocalista, que desafina como poucas vezes vi, e que apesar de pular gritar balançar o cabelinho encaracolete, tem a presença de palco dum avestruz.

B-52’s [Escenario Verde]
Um show primordial, onde a galera não sabia se pogava ou dançava ou apenas cantava, tudo as mil maravilhas, e Cindy e Katie gordas pra caralho, umas elefantas mesmo. Revival com maior cara de revival entre todos os revival que assisti.

Arctic Monkeys [Escenario Verde]
Fiquei realmente pra trás da multidão, via os piás no palco quase como pulgas. Precisão espantosa no comparativo do que fazem nos discos, todos os hits, inclusive algumas como “Mardy Bum”, “505”, “Still Take You Home” e “When the Sun Goes Down” [agora que já tocaram no Brasil, estou apenas sendo paunocu citando estas músicas]. Pasmem, também houve bastante interação do vocalista com o povo [várias piadinhas na verdade, onde o cara praticamente ria sozinho, mais numa atitude de molecagem-piada-interna do que propriamente fazeção], que cantava todas, e muito alto. Inclusive, se eu não tivesse visto este show em Benicàssim, estaria bem puto agora [porque ali em Curitiba foi aquela coisa bem chocolate mole].

Fisherspooner [Escenario Verde]
Quando acabou os Arctic aconteceu aquela limpa do Main Stage, e cansado, descolei grade e fiquei ali a título de curiosidade. E assim vi um dos shows mais fudidos da vida. Não-Sei-o-Quê Fisher, cabeludo, cantava com microfone de mão, e uma TANGUINHA socada no rego, com algumas dancers o acompanhando. Sei-Lá-o-Quê Spooner mal se via atrás dos lances de apertar botões, e a banda ainda era revestida com baixo, batera e guitarra de verdade. Em algum ponto deixaram um fotógrafo adentrar o palco pra tirar fotos mais de perto, e Fisher, não por menos, tentou cavalgar no sujeito que saiu de fininho. Combinação perfeita de som, dança, espetáculo cênico, bizarrice, PUTARIA HOMOerótica, um mix preocupante, MAS, estamos aqui, sãos e salvos.

Ellen Allien [Fiberfib.com]; Sascha Funke [Vodafone Club]
DJ alemã, gatíssima, com cara de não-lésbica e toca tuts-tuts, mas daqueles bem discoteca-cheia-de-patis-e-playboys mesmo; DJ alemão, bigodudo, cara de lambedor de saco de guri de 12 anos, e toca tuts-tuts, só que minimal, chamam de “nu-house”. Os dois são do mesmo selo, e nas duas apresentações rolou “Forms & Shapes”, música daquelas de fazer joelho ir pra cima e tornozelo pra baixo. Ou a pélvis pra frente e trás.

Não vi nesse dia lindo: Jamie T, Peter Bjorn & John, Albert Hamond Jr., Sondre Lorche, Human League, Ellen Allien, Camera Obscura.

DOMINGO
The Pipettes [Fiberfib.com]
Essas minas são bem gatas mesmo, especialmente a loirinha sem óculos e cabelo curto-picotado de indie [embora eu nem curta muito loiras]. Vestido de bolinhas, coreografias, harmonias vocais, tudo certinho. A banda, só de caras, recria muito bem a sonoridade dos anos 60 também [achei que ao vivo não rolaria tão bem]. Pela galera, tinha até um pai com dois filhos por volta dos 13 anos [e tavam ali só por Pipettes, investiguei]. Encontrei uma delas no show do Go Team, ai que maravilha esse mundo do jornalismo indie [se eu fosse o Lúcio Ribeiro, podia até mentir algo].

Animal Collective [Fiberfib.com]
Nesse show eram só os três dos botões e mini-disc’s. Uma das coisas mais bizarras que assisti, um som de tomador-de-ácido num calor de 40 graus, à tarde, basicamente tocando músicas novas [do agora lançado Strawberry Jam] num set de 50 minutos. Tinham uns fãs alucinados, querendo ouvir as "clássicas", aos quais a “banda” soube ignorar prontamente. Algo tipo “somos nerds pra caralho, isso é música cabeça, não encham o saco e piça”. That’s it.

Calexico [Calexico]
Maior jeito de banda de tiozinho, todo mundo ali é bem velhote. Com o lance tex-mex, ou seja, toda a gama de influência espanhola [mexicana], o pessoal curte eles afú. “Guero Canelo”, “Roka, Danza de La Muerte”, tava tudo ali, com direito a cover de “Alone Again Or” [do Love] pra esbugalhar o palhaço. Divertido as ganhas.

The Hives [Escenario Verde]
Esses filhão fazem essa parada de “yeah! rock n’ roll” valer bem a pena. Assisti do esquema onde fica a imprensa e pude ver de cima o pandemônio criado pelo vocalista. Esse cara é candidato a melhor performer de rock-estádio atual. Pula na galera, leva o microfone a ela, sobe a armação do palco, todas essas coisas “yeah rock n roll” que não se faz mais [não em estádios: aliás, o que virou bandas de estádio? U2? Façam-me rir]. Claro, talvez essa condição seja só num festival como o FIB, de resto devem tocar em lugar de porte médio, onde provável o vocalista deixe a galera até cantar as músicas. Que, por sinal, são muito melhores do que parecem. Não subestimem esses caras. Sério.

Clap Your Hands Say Yeah [Vodafone]
Ao contrário, esse vocalista é o mais blasè de todos. Demora pra caramba a cada música [afinando e essas merdas], mal olha pro povo, altera as músicas, não cantam singles. Algo como se fosse o Bob Dylan sem o ser. Punch Your Nose Scream Fuck Off.

Kings of Leon [Escenario Verde]
Como já tinha visto, fiquei dando um bico só pelo telão. Azar, gostei mesmo dessa nova faceta, menos hippie e mais “indie” da banda. Até eles se deram conta que eram patetas, alterando alguns andamentos das músicas velhas [as novas são excelentes]. De duas semanas atrás [quando vi na Escócia] até o batera fez a barba. Acertei. Ele é horríveoooo.

Patrick Wolf [Vodafone]
Dei algumas chances na vida pra esse cara. Primeiro, num disco, que ouvi em algum ponto e me embrulhou o estômago. Ok. Agora, quatro músicas ao vivo. Vestido com uma espécie de tanga, botas e camiseta luminosa e cabelo como do Arnaldo Antunes só que vermelho, diria que o som dele é o DE MENOS no fator embrulho no estômago.

Black Rebel Motorcycle Club [Escenario Verde]
Depois dumas duas músicas [iguais ao do set no T in the Park], Robert Been disse que sua voz tava fudida e que tavam fazendo o show no peito e na raça. Legal da parte dele, fui procurar alguém que tivesse inteiro. [HE HE HE]

The Go! Team [Vodafone]
Na real tinha uma concomitância de horário e queria muito ver The Go Team. O show atrasou muito, meia hora ou mais, acho que foi o pior delay em todo processo europeu. Compensado pelo que se viu, um Top 5 do FIB, certo. ALEGRIA é o que serve pra adjetivar o que se vê no palco. A negrona do vocal [micro-saia puta-africana-esque] manda muito bem, cantando, dançando e animando a galera [até ensinou o refrão-coreografado na então inédita “Do It Alright” ]. A japa que toca vários lances é uma ESQUISITA, mas parece estriquinada no pó de animada. A japa batera é um xuxuzinho de levar pra casa. O guitarra, mentor da coisa, na última música, fez aquela cara de que ia stagedivear na galera, e “não acredito que esse filho da puta vai se atirar”, e veio, em cima DE MIM, tipo o gorducho na Escola do Rock, a galera segurou na raça, e depois de pé cumprimentava geral. Dancei afú, suei feito um porco. Recomendo muito.

Muse [Escenario Verde]
Com o delay anterior, cheguei com o show no início e foi o que vi mais longe. Os malditos Muse de fato são uma arena-band na Europa. Acho que 75% das pessoas do festival estavam concentradas ali naquela hora do show, tudo isso pra ver iluminação, efeitos, e todo aquele lance KISS com estética indie. E o Steve Belamy e toda aquela pose de guitarrista-punheteiro-de-metal com estética indie. Não me entendam mal, curto a banda, mas aquela sofreguidão-operística é demais fake pra mim. Sem contar que acho uma várzea banda que esconde músico de apoio no escurão. Whatever. Toda vez que falo que vi, uma adolescente-indie brilha o zóio.

Datarock [Vodafone]
Vestidos de Tenembauns com aquele calor é ato de heroísmo. Soma a isso, que o som que faz o Datarock é realmente muito divertido de dançar bêbado, tá feito o carreto. Naquela altura ganharam minha aprovação. (Y)

Daí pra frente rolou uma pá de DJ’s e me concentrei na pegação. Acho que, oficialmente, o barulho de alguma apresentação acabou pelas oito da matina de segunda.
Passei a bola nesse dia: Amy Winehouse, Cassius, Armand Van Helden, Unkle.

Ainda fiquei no acampamento segunda-feira, pois consegui passagem pra Madrid só pra terça-feira. Comprei alguns lembretes, e enfrentei um PUTA temporal de manhã [barraca boa até].


PODE FICAR FELIZ PORQUE ACABOU!

postado por: mim 7:03 PM




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